
Não deu outra. Logo no começo da manhã desta segunda-feira (18), quem passava por algumas das principais vias de Recife se deparou com um cenário de filme apocalíptico — só que, no lugar de zumbis, carroças. Muitas carroças.
Parecia até aqueles dias em que todo mundo resolve marcar reunião no mesmo horário, mas no trânsito. Carroceiros de diferentes regiões da cidade fizeram um protesto coordenado que paralisou pelo menos três pontos estratégicos da capital pernambucana.
Onde o calo apertou
Os principais alvos do protesto foram:
- Avenida Agamenon Magalhães — porque, convenhamos, se quer fazer barulho, é ali mesmo
- Trecho da BR-232 — estratégico pra quem vem do interior
- Vias do bairro de San Martin — onde fica o Centro de Controle de Zoonoses
E não foi aquela coisinha rápida, não. Algumas interdições duraram mais de 3 horas — tempo suficiente pra muita gente perder a paciência e o horário de trabalho.
"Não somos invisíveis"
Um dos líderes do movimento, que preferiu não se identificar (medo de represálias, você sabe como é), foi direto ao ponto: "A gente cansa de ser tratado como lixo, literalmente. Carregamos o lixo dos outros, mas temos direitos também".
As principais reivindicações? Olha só:
- Regulamentação da profissão — afinal, até motorista de Uber tem
- Melhores condições de trabalho — ninguém merece catar resto de obra sem equipamento
- Fim das multas abusivas — dizem que a prefeitura tá pegando pesado
E tem mais: eles alegam que o Centro de Zoonoses apreende os animais sem critério. "Tá virando desculpa pra enquadrar a gente", reclama um manifestante.
E o trânsito?
Virou um verdadeiro quebra-cabeça. Motoristas que tentavam contornar os bloqueios acabaram criando congestionamentos em vias alternativas — aquela velha história de querer fugir e cair na armadilha.
Um motoboy, mais criativo (ou desesperado), tentou passar pelo meio das carroças. Resultado? Quase virou estatística. "Tá maluco, irmão? Aqui não é motocross!", gritou um carroceiro.
A CET (quem mais?) tentou redirecionar o fluxo, mas — adivinha? — quando o bicho pega, sinalização vira enfeite. Alguns ônibus chegaram a ficar mais de uma hora parados. Passageiros? Nem se fala.
E agora?
A prefeitura disse que "analisa as reivindicações" (tradução: vamos esperar esfriar). Enquanto isso, os carroceiros prometem continuar — e avisam que os protestos podem até aumentar.
Morador da zona norte, o aposentado José Carlos dá de ombros: "Todo mundo tem direito de lutar, mas podiam avisar antes, né? Perdi minha consulta no INSS...". Justo.