
Ela tinha a vida toda pela frente. Dezessete anos, uma inteligência que saltava aos olhos e um sonho que carregava no peito: vestir o jaleco branco e dedicar sua vida à medicina. Mas o destino, num daqueles capítulos mais cruéis que a vida insiste em escrever, resolveu interromper essa história promissora de forma abrupta e devastadora.
Na última sexta-feira, por volta das 18h30, o cenário que deveria ser de rotina transformou-se em pesadelo na Avenida Capitão Júlio Bezerra, no bairro São Vicente. Maria Eduarda da Silva Nascimento caminhava quando foi surpreendida por um caminhão. O impacto foi violento. Testemunhas relataram à polícia que o veículo simplesmente não parou — seguiu como se nada tivesse acontecido, deixando para trás uma cena de horror.
"Ela era diferente, sabia?" — o pai, Edmilson Nascimento, tenta encontrar palavras para descrever a filha, mas a voz embarga. "Tinha uma luz própria, uma inteligência que a gente via nos olhos. Desde pequena falava que queria ser doutora, que ia cuidar das pessoas."
O socorro que chegou tarde demais
O Samu foi acionado rapidamente, mas quando a equipe médica chegou, Maria Eduarda já não resistia. Transportada às pressas para o Hospital Geral de Roraima, seu coração parou de bater poucas horas depois, no início da madrugada de sábado. A notícia, daquelas que ninguém está preparado para receber, chegou à família como um golpe surdo.
O que se segue depois de uma perda assim? Talvez só quem passou por algo similar possa entender o vazio que fica. A casa, antes cheia dos planos de uma adolescente, agora ecoa silêncio. Os livros de estudo, a mochila, o uniforme escolar — tudo vira relíquia dolorosa.
Busca por respostas e justiça
Enquanto a família tenta digerir o luto — tarefa praticamente impossível —, as investigações seguem seu curso. A Polícia Civil já identificou o motorista através das câmeras de segurança da região. Ele será ouvido em breve, e as circunstâncias exatas do acidente ainda precisam ser esclarecidas.
É curioso, né? Como um único instante, uma decisão no volante, pode mudar tantas vidas para sempre. O caminhão que seguiu em frente carrega agora o peso de um futuro interrompido.
Maria Eduarda deixa não apenas pais desolados, mas três irmãos que precisarão aprender a viver com a ausência. A comunidade escolar do Colégio Militar, onde estudava, também está em luto — perdendo uma daquelas alunas que fazem os professores acreditarem que a educação realmente transforma.
Resta a pergunta que nunca terá resposta satisfatória: quantas Marias Eduardas precisamos perder até que o trânsito deixe de ser essa roleta-russa diária? Enquanto isso, em algum lugar, um jaleco branco que nunca será vestido espera por uma dona que partiu cedo demais.