
Era pra ser mais um dia normal na BR-174, aquela estrada que corta Roraima como uma cicatriz no mapa. Mas o destino — ou talvez o cansaço, quem sabe? — tinha outros planos. Por volta das 5h30 da madrugada, um caminhão carregado de suprimentos e um ônibus interestadual se encontraram da pior maneira possível.
O estrago, segundo os bombeiros que chegaram primeiro, era de cortar o coração. "A gente vê cada coisa nesse trabalho, mas algumas cenas ficam marcadas", confessou um sargento que pediu pra não ser identificado. Ele não exagerava: o capô do caminhão estava enterrado no lado direito do ônibus como se fosse papel amassado.
O saldo trágico
Até o fechamento desta matéria, a contagem oficial apontava:
- 4 vidas perdidas (2 no ato, outras 2 não resistiram aos ferimentos)
- 17 feridos em estado grave
- 23 passageiros com lesões leves
Os hospitais de Boa Vista entraram em esquema de plantão reforçado. "Tivemos que improvisar leitos nos corredores", admitiu uma enfermeira do Hospital Geral enquanto corria com soro nas mãos.
O que se sabe até agora
A Polícia Rodoviária Federal ainda investiga, mas as primeiras pistas não deixam margem pra dúvidas: foi uma combinação fatal de fatores. O trecho é conhecido por curvas perigosas, o asfalto estava escorregadio por causa de uma chuva fina que caiu de madrugada, e testemunhas juram ter visto o caminhão fazendo zigue-zague antes do impacto.
"O motorista do ônibus tentou desviar, mas não teve tempo", contou um vendedor ambulante que costuma trabalhar na beira da estrada. Ele foi um dos primeiros a tentar ajudar — com as próprias mãos — enquanto os socorristas não chegavam.
O trânsito na região ficou parado por mais de 8 horas. Quem precisava passar pela BR-174 teve que encarar desvios por estradas de terra que mais pareciam trilhas de fazenda. E olhe lá!
Enquanto isso, as famílias das vítimas começam a chegar aos hospitais. Algumas chorando baixinho, outras desesperadas por notícias. Cenas que nenhum parente deveria viver, mas que infelizmente se repetem toda vez que o Brasil negligencia sua malha rodoviária.