Uma inovação tecnológica projetada para revolucionar o transporte de produtos da floresta amazônica foi apresentada no Amapá. Durante a inauguração da fábrica do robô colhedor de açaí, o AçaíBot, em Macapá, uma empresa paraense revelou a BioVia, um veículo elétrico leve criado para circular no interior da mata carregando frutos.
Uma solução para um desafio logístico
O idealizador dos equipamentos, Reinaldo Santos, explicou a motivação por trás da criação. Embora o robô AçaíBot permita que uma pessoa colha até 1 tonelada de açaí por dia, era necessário desenvolver um meio de transporte eficiente. Levar essa quantidade a pé ou com carrinhos de mão pelas trilhas estreitas e alagadas da floresta se mostrava inviável para os extrativistas.
A BioVia surge como resposta a esse problema. O veículo possui capacidade para até 5 toneladas e é movido a bateria elétrica, o que significa que não emite fumaça poluente nem produz barulho que possa espantar a fauna local. Seu design inclui esteiras largas de borracha que evitam que o equipamento afunde no solo úmido e não danificam as raízes das árvores.
Mais do que açaí: uma porta para a bioeconomia
Reinaldo Santos destaca que a utilidade da BioVia vai muito além do açaí. "Ela abre caminho para mais de 200 produtos da floresta que hoje são pouco explorados por causa da dificuldade de transporte", afirmou. Ele cita cacau, cupuaçu, andiroba, castanha e pupunha como exemplos de itens que agora podem ser retirados da mata com segurança e em maior escala.
Os primeiros testes práticos já foram realizados com comunidades ribeirinhas do Amapá e os resultados são promissores. Eles indicaram uma redução de até 80% no tempo gasto com transporte, além de eliminar a necessidade de grande esforço físico. O veículo, que é estreito para passar entre os açaizeiros, pode ser operado por uma única pessoa.
Custo, autonomia e planos de expansão
Cada unidade da BioVia tem um custo inferior ao de um quadriciclo comum e sua bateria oferece autonomia suficiente para um dia inteiro de trabalho. A empresa fabricante já traçou seus planos para o futuro: a meta é entregar as primeiras 200 unidades ainda em 2025 para cooperativas de extrativistas nos estados do Amapá, Pará e Amazonas.
Esta iniciativa se conecta a um momento importante para a cadeia do açaí na região. Recentemente, extrativistas do Amapá têm expectativa de uma retomada nas exportações após o fim das tarifas impostas pelos Estados Unidos. A produção do fruto no estado cresceu, com o IBGE registrando 22 mil toneladas em 2024. A chegada de tecnologias como o AçaíBot e a BioVia promete impulsionar ainda mais essa atividade econômica essencial para a Amazônia.