IA em 2025: Emissões de CO₂ equivalem a 4x São Paulo, diz estudo
Emissões de IA em 2025 são 4x maiores que São Paulo

O rápido desenvolvimento da inteligência artificial em 2025 trouxe consigo uma pegada ambiental alarmante, com emissões de carbono que podem ter sido equivalentes a quatro vezes as de toda a cidade de São Paulo. É o que aponta um estudo recente do pesquisador holandês Alex de Vries-Gao, fundador do Digiconomist, publicado na revista acadêmica Patterns.

Os números que assustam: carbono e água em escala monumental

A pesquisa calcula que, apenas no ano de 2025, os sistemas de inteligência artificial podem ter sido responsáveis pela liberação de 80 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Para colocar em perspectiva, esse volume supera em muito as emissões anuais de grandes metrópoles brasileiras.

Além do carbono, o estudo revela um consumo de água igualmente colossal. A operação desses sistemas pode ter utilizado cerca de 765 bilhões de litros de água, um volume que supera a demanda global anual por água engarrafada. Este dado evidencia que o impacto ambiental da IA vai muito além das emissões de gases de efeito estufa, atingindo recursos hídricos essenciais.

Alex de Vries-Gao faz uma distinção crucial: essas estimativas refletem especificamente o impacto direto das operações de IA, e não o consumo geral dos centros de dados que as hospedam. O pesquisador alerta que a expansão contínua de data centers "hiperescaláveis", projetados para suportar a demanda por IA, tende a agravar ainda mais o problema.

Quem paga a conta? Lucro corporativo vs. custo ambiental

Enquanto empresas de tecnologia faturam bilhões com a revolução da inteligência artificial, organizações ambientais questionam quem está arcando com os verdadeiros custos. O estudo destaca que o público e o planeta estão subsidiando uma tecnologia de lucro privado gigantesco.

A situação é crítica em vários fronts. Nos Estados Unidos, por exemplo, data centers dedicados à IA já consomem quantidades de energia comparáveis a grandes fundições de alumínio. Em países como a Índia, os investimentos massivos na área podem levar à construção de usinas de energia a diesel para garantir o fornecimento de backup, ampliando significativamente a chamada "responsabilidade de carbono" dessas operações.

As emissões geradas pela IA em 2025 já representam mais de 8% das emissões globais do setor de aviação, um dado que ilustra a magnitude do problema. Apesar de gigantes como o Google reportarem progressos na eficiência de seus data centers, a meta de neutralidade climática permanece distante, em parte devido à lenta adoção de energias renováveis em grande escala.

Falta de transparência e um futuro questionável

Um dos obstáculos centrais para uma avaliação precisa e um controle efetivo do impacto ambiental é a falta de transparência das grandes empresas do setor. A dificuldade em acessar dados concretos sobre consumo de energia e água por modelos específicos de IA impede um debate público informado.

Esta opacidade aumenta as discussões sobre responsabilidade e equidade. A pergunta que fica é: quem deve arcar com os custos ambientais de uma tecnologia que transformou a economia digital? A inteligência artificial, muitas vezes apresentada como uma fronteira de inovação limpa, está deixando um rastro invisível, porém profundo, que coloca em xeque o equilíbrio entre o avanço tecnológico, o lucro corporativo e a preservação do planeta.

Em resumo, o ano de 2025 pode marcar o momento em que o mundo acordou para o lado obscuro da IA. Os números apresentados pelo estudo de De Vries-Gao servem como um alerta urgente para que a sustentabilidade seja colocada no centro do desenvolvimento tecnológico, antes que seus custos ambientais se tornem irreversíveis.