Uma inovação sustentável está sendo desenvolvida no coração da Amazônia. Pesquisadores da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) criaram um bioplástico feito a partir de ingredientes naturais, como amido de milho e a parte branca da laranja, conhecida como albedo. O projeto tem um objetivo claro: oferecer uma alternativa viável ao plástico tradicional, que leva séculos para se decompor na natureza.
Da bancada do laboratório para um futuro mais verde
A pesquisa é coordenada pelo professor doutor em Biodiversidade, William Xavier, e contou com a participação de dois estudantes de Engenharia Ambiental. Os testes em laboratório utilizaram duas matérias-primas principais para avaliar seu potencial: o amido de milho e o amido extraído do albedo da laranja. A escolha desses materiais se deve ao seu baixo impacto ambiental e à abundância, especialmente no caso do albedo, que é uma parte da fruta geralmente descartada.
O professor William Xavier explica a motivação por trás do estudo: "O bioplástico derivado do amido de milho começou a se decompor em cerca de 20 dias, com a ação de microrganismos e fungos. O plástico tradicional demora muitos anos para desaparecer. Então pensamos em testar biomassas vegetais para verificar se a produção era viável".
Resultados promissores e degradação acelerada
Os resultados dos testes foram animadores. O material produzido com amido de milho se degradou completamente em um período aproximado de 90 dias. Esse tempo é drasticamente menor do que os séculos necessários para a decomposição dos plásticos convencionais derivados do petróleo. A pesquisa também avançou na análise das propriedades físicas do novo material.
Segundo a estudante e integrante do projeto, Rita Santana, o bioplástico se mostrou durável e elástico, com características similares ao plástico comum, embora um pouco mais frágil. "O resultado tem sido satisfatório... Apenas 10 gramas de amido de milho são suficientes para produzir uma folha", detalhou Santana. A equipe agora foca em aperfeiçoar a produção e estudar aplicações práticas.
Próximos passos e potencial de aplicação
As próximas etapas do projeto envolvem otimizar o processo de fabricação e explorar como esse bioplástico sustentável pode ser utilizado no dia a dia. As possibilidades incluem a fabricação de embalagens descartáveis, sacolas e outros itens de uso único que hoje são grandes vilões do acúmulo de lixo no meio ambiente.
Os pesquisadores acreditam que, com novos testes e desenvolvimentos, o bioplástico feito de amido de milho e casca de laranja pode se tornar uma alternativa economicamente viável e ecologicamente correta. A iniciativa representa um passo importante para o estado do Amapá e para o Brasil na busca por soluções inovadoras que aliem desenvolvimento científico à preservação ambiental, mostrando que é possível criar materiais duráveis sem comprometer o futuro do planeta.