A Melhoramentos, tradicional empresa dos setores de celulose, papel, desenvolvimento imobiliário e editorial, marcou presença na COP30 em Belém com o lançamento de uma nova frente de negócios: a Biona, sua marca de embalagens sustentáveis à base de fibra de celulose.
O anúncio aconteceu durante a Conferência do Clima da ONU, que ocorreu na capital paraense, destacando-se entre as iniciativas privadas apresentadas no evento. A empresa investiu R$ 40 milhões neste projeto, com apoio financeiro da FINEP, instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Tecnologia israelense como diferencial competitivo
O grande diferencial da Biona está na tecnologia de barreira desenvolvida em parceria com uma startup israelense. Rafael Gibini, presidente da Melhoramentos, explicou que "o pulo do gato é o aditivo, formulado pelos israelenses e com ingredientes seguros, que é impregnado à fibra de celulose".
Essa inovação permite que as embalagens resistam a gordura, umidade e temperaturas extremas, podendo ir diretamente do freezer ao forno a 220 graus ou até mesmo a air fryers. A empresa conquistou a exclusividade para uso dessa tecnologia em toda a América Latina.
Capacidade produtiva e impacto ambiental
A nova fábrica está localizada em Camanducaia, no Sul de Minas Gerais, com capacidade para produzir entre 60 e 80 milhões de embalagens por ano. A unidade industrial deve gerar 40 novos empregos na região, fortalecendo a economia local.
Um estudo de pegada de carbono realizado pela Planton analisou todo o ciclo de vida das embalagens, desde o plantio das árvores até o descarte. Os resultados são impressionantes: a Biona registra apenas 22,37 gramas de CO₂ equivalente por unidade.
Este número representa 68% menos emissões que o polietileno, 59% abaixo da polpa moldada chinesa e 43,5% inferior ao polipropileno. A substituição de apenas 1 milhão de embalagens plásticas pela Biona reduziria a emissão de 17,4 toneladas de CO₂.
Vantagens competitivas e aplicações práticas
A estratégia comercial da Melhoramentos foca nas grandes indústrias do setor alimentício. A empresa já negocia com grandes marcas de bens de consumo para levar produtos com embalagem Biona às prateleiras.
As aplicações previstas incluem:
- Alimentos congelados
- Margarina e sorvetes
- Produtos de higiene e limpeza
Gibini destacou que a integração vertical da empresa - que controla toda a cadeia desde o cultivo de florestas de eucalipto até a produção final - garante competitividade de custos. "Em algumas aplicações, conseguimos igualar o preço do plástico convencional", afirmou o executivo.
As embalagens Biona se decompõem em até 75 dias e podem ser descartadas tanto no lixo orgânico quanto no reciclável, oferecendo uma solução completa para empresas que buscam reduzir seu impacto ambiental, especialmente aquelas que exportam para mercados com regulações rigorosas sobre plásticos de uso único.