O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), segue empenhado em encontrar uma saída para o tema da anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. Em conversas reservadas com aliados, o parlamentar tem manifestado o desejo de "virar a página" desse capítulo polêmico, mas esbarra no risco de repetir um desgaste político recente.
A sombra da PEC da blindagem
Conselheiros próximos a Motta alertam para que ele não repita a estratégia adotada com a chamada "PEC da blindagem". Naquela ocasião, os deputados acabaram expostos a críticas da opinião pública, enquanto o Senado assumiu uma posição contrária e enterrou a proposta, vista como impopular. O episódio serviu de lição sobre os perigos de assumir a dianteira em projetos de alto custo político.
O entorno do presidente paraibano tem defendido uma manobra parlamentar para diluir a responsabilidade. A ideia é que Motta faça um pronunciamento oficial transferindo a iniciativa para o Senado. A declaração diria que a Câmara só votará uma eventual proposta de anistia se os senadores derem o primeiro passo, jogando a bola para a outra Casa do Congresso.
A estratégia de transferência de responsabilidade
Até o momento, contudo, Hugo Motta tem resistido a adotar essa postura publicamente. A hesitação reflete o cálculo político delicado em torno de um tema que reacende as memórias dos ataques golpistas às sedes dos Três Poderes. A anistia é defendida por setores bolsonaristas, mas rejeitada por uma parcela significativa da sociedade e por parte do Congresso, que a enxerga como um perdão inaceitável a atos antidemocráticos.
A movimentação ocorre em eventos fechados e no círculo de aliados, indicando que o assunto é tratado com cautela. A data de 6 de dezembro de 2025 marca o contexto dessas discussões, que continuam a definir os rumos do tema no Legislativo.
O impasse e os próximos passos
O cenário coloca Hugo Motta em uma encruzilhada. De um lado, a pressão de parte da base pelo arquivamento do tema; de outro, a necessidade de gerenciar um assunto que pode gerar novo desgaste, similar ao da PEC da blindagem. A estratégia de tentar "virar a página" sem assumir o ônus sozinho parece ser o caminho preferencial, mas sua implementação prática ainda é um desafio.
Enquanto não define seu movimento, o presidente da Câmara mantém o assunto em compasso de espera, ciente de que qualquer passo em falso pode reacender a polêmica e colocar os deputados novamente sob os holofotes negativos, em um replay indesejado do episódio da blindagem.