
Parece que o clima no Congresso Nacional está mais quente do que o habitual — e não, não é por causa do verão brasiliense. A última troca de farpas entre Arthur Lira e Renan Calheiros sobre a isenção do Imposto de Renda deixou claro que as negociações estão longe de ser amistosas.
O que começou como um debate técnico sobre a PEC 45 rapidamente descambou para um verdadeiro duelo retórico. Renan Calheiros, com aquela pose de quem sabe mais que todo mundo, soltou uma daquelas declarações que parecem saídas de manual de ciência política: "A isenção tem que ser discutida com seriedade, não como moeda de troca".
E a resposta de Lira? Uma verdadeira aula de política real
Arthur Lira não perdeu tempo. A resposta veio rápida, seca e com aquele tom de quem está cansado de ouvir discursos vazios. "Cada um cuide de sua casa", disparou o presidente da Câmara, deixando claro que não aceitaria interferências do Senado em sua gestão.
O que mais chama atenção — e aqui vou ser sincero — é a transparência quase brutal com que Lira expôs as regras do jogo. Ele basicamente admitiu que tudo na política é negociável, incluindo a tão falada isenção do IR. Não é como se não soubéssemos disso, mas ouvir tão claramente... bem, isso dá o que pensar.
Os bastidores que você não vê
Enquanto isso, nos corredores do Congresso, o clima é de expectativa. Os deputados andam de um lado para outro, celulares colados no ouvido, tentando entender em que pé ficou essa história toda. Alguns parecem genuinamente preocupados com o destino da reforma tributária; outros, francamente, só querem saber como isso afeta suas bases eleitorais.
E tem mais: a tal PEC 45, que deveria simplificar nosso sistema tributário — algo que todo mundo concorda ser necessário —, virou peça num xadrez muito mais complexo. Lira deixou claro que não vai abrir mão de suas cartas na manga só porque Calheiros decidiu dar palpite.
- O jogo de poder: Quem manda mesmo no Congresso?
- As estratégias: Como cada lado está se posicionando
- O que esperar: Essa briga vai atrasar a reforma tributária?
Não me leve a mal, mas às vezes tenho a impressão de que estamos assistindo a um daqueles filmes políticos onde todo mundo fala bonito, mas no fundo o que importa são os interesses. E olha, não estou sendo cínico — só realista.
E o povo brasileiro nessa história?
Boa pergunta. Enquanto Lira e Calheiros trocam farpas, milhões de brasileiros continuam pagando alguns dos impostos mais altos do mundo. A ironia não poderia ser mais evidente: discutem quem tem o direito de decidir sobre isenções enquanto a carga tributária continua asfixiando empresas e cidadãos.
O que me preocupa — e deveria preocupar você também — é que essa briga pode acabar saindo cara para todos nós. Reforma tributária é urgente, todo mundo sabe disso. Mas quando egos se sobrepõem ao interesse público, quem paga o pato somos nós.
No final das contas, essa troca de acusações entre Lira e Calheiros revela muito sobre como a política funciona na prática. Não é bonito, não é elegante, mas é a realidade. E entender essa realidade é o primeiro passo para exigirmos mudanças de verdade.
Fica a pergunta no ar: quando é que nossos representantes vão parar de discutir quem manda no pedaço e começar a trabalhar de verdade pela população? Talvez seja muita pretensão minha esperar por isso, mas nunca se sabe — a política sempre pode nos surpreender.