O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), reagiu com dureza às declarações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sobre sua possível candidatura à Presidência da República em 2026. Em fala realizada neste domingo, 7 de dezembro de 2025, o petista classificou o parlamentar como "uma piada" e afirmou que seu recuo estratégico escancara um "método" familiar baseado na chantagem política.
O "preço" da candidatura e a acusação de chantagem
Mais cedo no mesmo dia, ao sair de um culto em Brasília, Flávio Bolsonaro admitiu que a manutenção de sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto tem "um preço" e que existe a possibilidade de não levá-la "até o fim". Para Lindbergh Farias, a escolha das palavras não foi casual e revela uma tática de negociação.
"O termo usado por ele 'eu tenho um preço' escancara o método da família: a chantagem", afirmou o deputado petista. Lindbergh fez um paralelo com atitudes anteriores de outros membros da família, citando o irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro, que, segundo ele, "já chantageou o país inteiro com ameaças de sanções ao ministro do STF e tarifas contra o Brasil".
O líder do PT também lembrou uma declaração polêmica do próprio Flávio, que comparou o efeito de certas pressões políticas aos ataques de bomba atômica a Hiroshima e Nagasaki. Na visão de Lindbergh, o padrão se repete agora em um novo contexto.
A negociação política com o Centrão
O cerne da acusação feita pelo parlamentar do PT é que Flávio Bolsonaro estaria usando sua candidatura como moeda de troca. A suposta negociação teria como objetivo principal garantir o avanço da anistia aos condenados pelos atos do 8 de janeiro de 2023 no Congresso Nacional.
Lindbergh Farias alega que o senador condicionaria a retirada de sua candidatura à aprovação do projeto de anistia, em uma manobra para angariar apoio do bloco de partidos conhecido como Centrão. "Agora tenta negociar anistia com o Centrão como condição para retirar a candidatura", resumiu o petista.
Articulação marcada para a semana
As movimentações políticas em torno do tema devem se intensificar já na próxima segunda-feira, dia 8 de dezembro. De acordo com as informações, Flávio Bolsonaro deve começar a articular sua candidatura com líderes influentes do Centrão.
A lista de interlocutores inclui nomes de peso da base aliada, como:
- Valdemar Costa Neto (PL)
- Ciro Nogueira (PP)
- Antonio Rueda (União Brasil)
- Marcos Pereira (Republicanos)
- Rogério Marinho (PL)
Esses encontros serão decisivos para definir os rumos da pré-campanha e, conforme a interpretação do líder do PT, para costurar os acordos políticos que possam atender ao "preço" mencionado pelo senador.
A declaração de Flávio Bolsonaro e a reação ácida de Lindbergh Farias jogam luz sobre as complexas negociações que antecedem as eleições de 2026. O episódio evidencia como candidaturas podem ser instrumentalizadas em troca de avanços em pautas sensíveis no Legislativo, um jogo político de alto risco que promete aquecer os debates nas próximas semanas.