Justiça nega pedido de Hugo Motta para remover outdoors contra PEC da Blindagem
Juiz nega pedido de Hugo Motta sobre outdoors da PEC

Juiz federal rejeita pedido de presidente da Câmara sobre outdoors

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), teve um processo judicial negado pela Justiça Federal da Paraíba. O parlamentar pedia a retirada de outdoors que criticavam a PEC da Blindagem e continham sua imagem com frases de protesto.

Conteúdo dos outdoors e argumentos da defesa

Nos materiais publicitários espalhados pelas cidades de Campina Grande e Cajazeiras, apareciam fotos de Hugo Motta acompanhadas de dizeres como "eles votaram sim para proteger políticos que cometeram crimes" e "o povo não vai esquecer isso". Os outdoors exibiam o logo do Sindicato dos Servidores do Instituto Federal da Paraíba (Sinteppb) e também mencionavam outros deputados paraibanos.

A defesa do presidente da Câmara, feita por advogados da própria Casa, argumentou que os conteúdos ultrapassaram os limites da liberdade de expressão e configuraram difamação. O g1 tentou contato com a Advocacia da Câmara dos Deputados, mas não obteve retorno até a última atualização da matéria.

Decisão judicial e fundamentação

O juiz federal Vinícius Costa Vidor, da 4ª Vara da Justiça Federal na Paraíba, rejeitou o pedido de Hugo Motta. Em sua decisão, o magistrado considerou questionável a acusação de difamação, destacando que políticos possuem proteção menor da própria imagem por estarem mais expostos a críticas e ao debate público.

O juiz entendeu que as publicações não demonstram claramente intenção de difamar, parecendo ser críticas exageradas a uma proposta legislativa importante e ao comportamento do presidente da Câmara durante sua tramitação.

Em nota, o Sinteppb defendeu que o conteúdo dos outdoors tinha "cunho simplesmente crítico da proposta de emenda constitucional apresentada na Câmara dos Deputados" e não havia indicação de intenção específica de difamar a figura pública do deputado.

Fim da polêmica e detalhes da PEC

O magistrado estabeleceu uma audiência de conciliação realizada na quarta-feira (27), mas as partes não chegaram a um acordo. Os outdoors já foram retirados de circulação, encerrando a controvérsia publicitária.

A PEC da Blindagem era uma proposta de acréscimo à Constituição Federal que previa que qualquer processo criminal contra parlamentares teria de passar pelo aval do Congresso em votação secreta. O texto também ampliava o foro privilegiado para presidentes nacionais de partidos e definia votação secreta para o aval de prisões em flagrante de parlamentares.

Em setembro, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitou a proposta, que foi arquivada pelo presidente Davi Alcolumbre. Antes do Senado, a Câmara dos Deputados também havia rejeitado a PEC. A emenda gerou repercussão negativa e manifestações populares em diversas partes do Brasil.