Uma rápida trégua foi declarada no seio da família Bolsonaro após uma divergência pública que expôs fissuras na sucessão política do clã. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou, nesta terça-feira, 2 de dezembro de 2025, que pediu desculpas à sua madrasta, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O gesto ocorreu após uma visita ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
A origem do conflito familiar
A crise teve início com uma disputa pela articulação do Partido Liberal (PL) para o governo do Ceará. De um lado, Michelle Bolsonaro defende publicamente a candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE), considerado por ela um bolsonarista fiel. Do outro, Flávio Bolsonaro se aproximou do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PSDB-CE), figura que, ao longo dos anos, fez críticas contundentes ao ex-presidente e sua família.
A situação escalou na segunda-feira, quando Flávio, junto com os irmãos Eduardo Bolsonaro (deputado federal) e Carlos Bolsonaro (vereador), publicou críticas à atitude de Michelle. Ela havia desautorizado, em evento público, a articulação conduzida no estado pelo deputado André Fernandes (PL-CE), que contava com o aval do próprio Jair Bolsonaro.
A resposta firme de Michelle e a reconciliação
Em resposta, ainda na madrugada de terça-feira, Michelle publicou uma longa nota nas redes sociais. Ela afirmou que não negociará seus valores e reafirmou seu papel de mãe e esposa acima de qualquer posição política. "Antes de ser uma líder política, eu sou mulher, sou mãe, sou esposa", escreveu. Junto da mensagem, a ex-primeira-dama compartilhou vídeos e notícias que mostram Ciro Gomes fazendo duras críticas à família Bolsonaro, acusando-o de ter ajudado a implantar a narrativa que rotulou o ex-presidente de genocida.
Após visitar o pai, condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado, Flávio Bolsonaro deu um passo atrás. Em entrevista coletiva, declarou: "Falei para ele [Jair Bolsonaro] que já me resolvi com a Michelle, pedi desculpas a ela, ela também [pediu a mim]".
Futuro e decisões conjuntas
O senador revelou que um encontro estava marcado para o final do dia no PL com o objetivo de estabelecer uma nova dinâmica. A meta é criar uma rotina para a tomada de decisões em conjunto, evitando novos desgastes públicos. Este episódio é visto como mais um capítulo da disputa familiar pelo espólio eleitoral de Jair Bolsonaro, que, preso, ainda não definiu um sucessor político claro.
Agora, a capacidade do ex-presidente de influenciar o jogo político para as eleições de 2026 depende diretamente da harmonia entre sua esposa e seus filhos. A reconciliação rápida demonstra a percepção de que a unidade é um ativo fundamental para a sobrevivência do projeto político bolsonarista.