
O senador Davi Alcolumbre (União-AP) conseguiu nesta segunda-feira o que parecia impossível: frear a máquina do Congresso quando ela já estava em movimento. Horas antes da votação que poderia definir o destino de bilhões nos cofres públicos, ele simplesmente pediu — e conseguiu — um adiamento.
Parece coisa de filme, mas é a pura realidade de Brasília. A Comissão Mista da Medida Provisória 1.237/2024, que promete aumentar consideravelmente a arrecadação do governo federal, simplesmente parou. Tudo porque Alcolumbre, com aquela calma típica de quem conhece os bastidores, solicitou mais tempo para análise.
E olha que o timing não poderia ser mais dramático. A MP estava com os dias contados — literalmente. Sexta-feira é o prazo final para aprovação antes que ela perca totalmente a validade. Um verdadeiro suspense político que tem deixado muitos ministros de cabelo em pé.
O jogo de poder nos bastidores
O relator, deputado Beto Pereira (PSDB-MS), não escondeu a frustração. "Analisamos com emoção o pedido do senador", disse ele, em um eufemismo típico de quem está com a corda no pescoço. Traduzindo: a situação é tensa e ninguém quer assumir a responsabilidade por um possível fiasco bilionário.
O que muita gente não percebe é que esses adiamentos de última hora não são acidentais. São calculados como jogadas de xadrez. Alcolumbre, experiente como é, sabe que o tempo é um aliado poderoso — especialmente quando se quer pressionar por mudanças no texto.
E as mudanças que ele busca? Bem, aí entramos no terreno das especulações. Fontes próximas ao senador sugerem que há preocupações com o impacto da medida em setores específicos da economia. Outros falam em busca de contrapartidas políticas. O fato é que ninguém move uma peça dessas sem ter algo em troca.
Contagem regressiva problemática
Agora o governo enfrenta um quebra-cabeça complicadíssimo. São apenas três dias úteis para desatar esse nó. Se a MP cair, o rombo pode chegar a impressionantes R$ 5,9 bilhões só neste ano — dinheiro que já estava praticamente contado para cobrir gastos essenciais.
Imagine a cena: técnicos do Tesouro Nacional recalculando projeções, ministros fazendo malabarismos no Orçamento, assessores correndo de uma reunião para outra. É o tipo de crise silenciosa que o público não vê, mas que define o rumo da economia.
E o pior? Essa não é a primeira vez que a MP enfrenta obstáculos. Já passou por idas e vindas no calendário, adiamentos anteriores, debates acalorados. Parece que ela nasceu sob uma estrela azarada.
O que esperar dos próximos capítulos
Os próximos dias prometem ser de muita negociação — daquelas que acontecem em corredores, em salas fechadas, em conversas de telefone que ninguém registra. Alcolumbre tem até quarta-feira para apresentar suas ponderações, mas algo me diz que as conversas já começaram.
O placar até agora?
- Governo: pressionando pela votação imediata
- Alcolumbre: conseguiu seu adiamento
- Congresso: dividido entre lealdades partidárias e análises técnicas
Resta saber quem leva a melhor nesse cabo de guerra. Uma coisa é certa: quando o relógio está contra você, cada minuto vale ouro — ou melhor, bilhões.