O agronegócio brasileiro está passando por uma transformação digital acelerada, e o acesso ao crédito nunca foi tão rápido e personalizado. Durante o Fórum Agro promovido pela VEJA nesta segunda-feira, 24 de novembro de 2025, especialistas revelaram como a tecnologia está revolucionando as operações no campo.
Democratização do crédito através da inteligência artificial
Nadege Saad, head da plataforma E-agro do Bradesco, foi uma das protagonistas do evento realizado na Casa Fasano, em São Paulo. Com mais de 15 anos de experiência no agronegócio, ela detalhou como a plataforma desenvolvida em parceria com a IBM está mudando a realidade dos produtores rurais.
A missão central do E-agro é democratizar o crédito para produtores de todos os portes, com atenção especial aos pequenos e médios agricultores que tradicionalmente enfrentam mais dificuldades no planejamento financeiro e no relacionamento com os bancos.
"Hoje conseguimos liberar crédito em poucas horas, dependendo do tipo de garantia", revelou Nadege durante seu painel. Essa velocidade representa uma mudança radical em relação aos processos tradicionais, onde produtores precisavam enfrentar longos deslocamentos apenas para cumprir exigências burocráticas.
Números que impressionam e personalização total
Os resultados da plataforma falam por si só. Em menos de três anos de operação, o E-agro já alcançou a marca impressionante de R$ 5,6 bilhões em crédito liberado. A plataforma opera atualmente com quatro tipos de linhas de crédito: recursos livres, Pronaf e Pronamp.
O contexto é ainda mais significativo quando consideramos que o Bradesco possui uma carteira agrícola superior a R$ 135 bilhões, demonstrando o peso do banco no financiamento do agronegócio nacional.
A inteligência artificial permite uma hiperpersonalização do atendimento ao agricultor, analisando riscos com maior precisão e reduzindo custos operacionais. Isso se traduz em linhas de crédito mais adequadas ao perfil de cada produtor e condições mais vantajosas.
Marketplace integrado e o futuro com IA generativa
Além do crédito, o E-agro funciona como um marketplace completo de máquinas, insumos e serviços. Essa integração amplia a competitividade e transparência na compra de equipamentos agrícolas, beneficiando diretamente o produtor.
Nadege destacou que a digitalização já influencia fortemente o comportamento do produtor rural. "Muitos iniciam suas compras no ambiente online em busca de preços, condições e linhas de financiamento, mesmo que a negociação final ocorra presencialmente", explicou.
O próximo passo na evolução da plataforma é ainda mais ambicioso. A integração de tecnologias de IA generativa aos mecanismos de busca permitirá que o produtor solicite uma plantadeira ou um financiamento por comando de voz e receba automaticamente as melhores combinações de preço, máquina e linha de crédito disponível.
"Estamos caminhando para um modelo em que a experiência será quase instantânea, mais transparente e muito mais vantajosa para o agricultor", projetou a executiva.
Ecossistema colaborativo e tendência de expansão
Um dos pontos mais enfatizados por Nadege foi que a digitalização do agro não depende de um único agente, mas sim de um ecossistema robusto, envolvendo bancos, indústrias, distribuidoras e startups.
A tecnologia, segundo ela, não desintermedia a cadeia, mas empodera todos os atores: produtores, distribuidores, traders e indústria. Com a integração das informações de crédito, compras e comportamento financeiro, a plataforma ajuda o produtor a planejar melhor suas decisões e dá ao banco mais segurança na concessão, reduzindo inadimplência e tornando o crédito mais barato.
A tendência é de expansão rápida desse modelo. Os produtores estão cada vez mais propensos a realizar compras e contratar crédito pelo digital, e a tecnologia já se mostra essencial para sustentar a competitividade do campo brasileiro nos próximos anos.