Pela primeira vez na história da exploração espacial, cientistas captaram sons associados a descargas elétricas na atmosfera de Marte. Os registros inéditos, publicados na renomada revista Nature em 28 de novembro de 2025, revelam estalos rápidos compatíveis com pequenos relâmpagos produzidos durante tempestades de poeira no planeta vermelho.
Como foram captados os sons marcianos
Os dados analisados provêm de sinais acústicos e eletromagnéticos captados por instrumentos instalados em Marte. As gravações mostram variações de pressão e pulsos elétricos que se propagam pelo ar rarefeito marciano e chegam aos microfones com intensidade baixa, mas perfeitamente reconhecível pelos equipamentos.
O material estudado confirma que as tempestades de poeira marcianas não são apenas fenômenos visuais, mas também geram atividade elétrica detectável. Esta possibilidade era há muito sugerida por modelos atmosféricos, mas nunca havia sido confirmada de forma tão direta.
Por que os sons são diferentes dos terrestres?
O ar marciano é muito mais rarefeito e composto principalmente por dióxido de carbono, o que afeta significativamente a propagação do som. No caso das descargas elétricas, os estalos se propagam com pouca energia e se dissipam rapidamente no ambiente marciano.
A baixa pressão atmosférica faz com que sons de mesma origem pareçam mais abafados e menos vibrantes do que na Terra. Por isso, os ruídos captados são breves, discretos e exigem tratamento técnico especializado para se tornarem audíveis ao ouvido humano.
Os registros sugerem que descargas elétricas são mais comuns em Marte do que se imaginava anteriormente, especialmente durante tempestades intensas que cobrem grandes áreas do planeta. A poeira em suspensão tende a se eletrificar por atrito, e quando a carga acumulada atinge um certo limite, ocorrem pequenas descargas entre as partículas.
Implicações para futuras missões
Esta descoberta representa um avanço significativo para o planejamento das próximas missões a Marte. Os novos registros oferecem informações diretas sobre a atividade elétrica marciana, algo crucial para a avaliação de risco para veículos, instrumentos científicos e, futuramente, para astronautas que possam pisar no planeta.
As descargas elétricas podem interferir em equipamentos eletrônicos sensíveis e influenciar processos químicos que alteram a composição da atmosfera. Além disso, o estudo abre espaço para monitoramentos contínuos, permitindo mapear padrões sazonais e determinar com mais precisão em quais regiões e épocas as tempestades elétricas são mais intensas.
Esta pesquisa marca um passo importante na compreensão da atmosfera marciana e demonstra como o estudo de fenômenos sonoros pode revelar aspectos anteriormente desconhecidos do nosso planeta vizinho.