Adolescentes de Campinas criam submarino com IA e impressão 3D para medir tilápias
Submarino com IA mede tilápias e vence prêmio científico

Três jovens estudantes de Campinas, no interior de São Paulo, estão revolucionando a piscicultura brasileira com um projeto inovador. Eles criaram um submarino equipado com inteligência artificial e fabricado em impressora 3D, capaz de realizar a biometria de tilápias de forma rápida, econômica e muito menos invasiva para os peixes.

O FishVision: tecnologia a serviço do agronegócio

Batizado de "FishVision", o projeto nasceu em 2024 nas mãos de alunos da Escola Técnica Estadual (Etec) Bento Quirino. A ideia surgiu de um desafio prático: facilitar o trabalho dos piscicultores, profissionais responsáveis pela criação de peixes. A biometria, que consiste em medir e monitorar o crescimento dos animais, é essencial para ajustar a quantidade de ração e controlar as condições ambientais, mas o método tradicional é problemático.

Flávia Lemos, uma das integrantes do grupo, explica que o processo manual exige a captura dos peixes, o que causa estresse e pode feri-los. "O uso de IA torna a biometria mais precisa nas medições, o que pode resultar, por exemplo, em maior economia de ração", afirma a adolescente. A precisão do sistema desenvolvido pelos estudantes promete otimizar toda a cadeia produtiva.

Como funciona o submarino inteligente

O protótipo foi totalmente elaborado com uma impressora 3D, demonstrando acessibilidade e criatividade. O veículo subaquático é equipado com uma câmera e um sensor que capturam imagens das tilápias em seu habitat natural. Para se locomover, um motor elétrico aciona uma peça na parte traseira, permitindo o controle preciso da direção debaixo d'água.

Os dados coletados pela câmera são cruzados com uma base de informações sobre a espécie, que foi elaborada pelos próprios alunos. Tudo pode ser monitorado de um centro de controle desenvolvido pela equipe, de onde é possível observar as imagens em tempo real e comandar os movimentos do submarino.

Leonardo Biancalana, outro estudante envolvido, detalha a evolução do projeto: "Nosso primeiro protótipo foi inspirado no modelo Riachuelo, da Marinha. Já o segundo foi desenvolvido com foco na praticidade de impressão e montagem. Ele possui os mesmos recursos do anterior, mas com melhorias que facilitam o trabalho dos piscicultores". A equipe já está trabalhando no protótipo final, que em breve começará a fase de testes.

Do laboratório para o mercado: o sonho de uma startup

O potencial do FishVision já foi reconhecido. O projeto foi premiado na 4ª edição do Prêmio Ciência para Todos, um importante incentivo à pesquisa jovem no país. Mas a ambição dos adolescentes vai além dos concursos científicos.

"Queremos abrir uma startup para comercializar nosso projeto, e ajudar piscicultores de todo o Brasil", revela Flávia Lemos. A iniciativa promete levar tecnologia de ponta e acessível a um setor crucial da economia brasileira, o agronegócio.

A trajetória do grupo começou de forma inusitada. Letícia Dalpoz, a terceira integrante, conta que a ideia partiu de uma conversa de sua mãe com um conhecido que trabalha na área. "Nunca imaginei nada disso. Eu não sabia nada sobre tilápias, mas esse conhecido da minha mãe comentou sobre as dificuldades em realizar a biometria", relata Letícia. A partir desse problema real, os jovens encontraram uma solução tecnológica brilhante.

O projeto dos adolescentes de Campinas é um exemplo claro de como a combinação de educação técnica, impressão 3D e inteligência artificial pode gerar inovações transformadoras para setores tradicionais da economia, colocando o Brasil na vanguarda da tecnologia aplicada à sustentabilidade e eficiência produtiva.