Agentes de IA: profissionais podem ganhar até R$ 20 mil em alta no mercado
Profissionais de agentes de IA podem ganhar até R$ 20 mil

Agentes de IA se tornam aposta estratégica das empresas brasileiras

O mercado de agentes de inteligência artificial está em expansão no Brasil, com profissionais qualificados podendo alcançar salários de até R$ 20 mil em regime CLT. A tecnologia, que ainda é considerada nova, já demonstra potencial para revolucionar processos empresariais e criar oportunidades profissionais promissoras.

Oportunidades e remuneração em alta

Segundo levantamento da Catho realizado a pedido do g1, a remuneração média na área de inteligência artificial começa em R$ 3,5 mil e pode chegar a R$ 20 mil para profissionais em regime CLT. Dados mais recentes da consultoria Robert Half mostram que um especialista em IA e machine learning pode ganhar entre R$ 17,9 mil e R$ 23,5 mil, enquanto um engenheiro de IA recebe de R$ 19,5 mil a R$ 27,1 mil.

João Gama, de 19 anos, técnico em análise júnior em uma empresa de aluguel de veículos, confirma a valorização profissional: "Quem sabe criar e colocar agentes de IA em funcionamento hoje é muito valorizado. Digo isso por experiência própria". O jovem profissional ganha R$ 3.600 mensais desenvolvendo soluções de automação para sua empresa.

Mercado em formação e cargos emergentes

Embora ainda não existam cargos formalmente definidos para a função, especialistas preveem mudanças rápidas neste cenário. Evellyn Cid, professora de novas tecnologias da FIAP, explica: "O setor já pensa em criar funções especializadas para a área, como especialistas em agentes autônomos (criação) e auditores de agentes, responsáveis por ética e segurança".

Raphael Bozza, diretor de RH do iFood, complementa: "Nos próximos três meses, veremos surgir muitos cargos voltados ao trabalho com agentes de IA. Essas pessoas já existem e atuam na prática, mas a função ainda não tem um título formal".

Aplicações práticas e casos de sucesso

Os agentes de IA são sistemas baseados em grandes modelos de linguagem capazes de executar tarefas de forma autônoma, tomando decisões conforme metas estabelecidas. No iFood, por exemplo, um agente auxilia o RH analisando currículos, comparando habilidades e cruzando dados com vagas abertas para sugerir candidatos compatíveis.

João Gama desenvolveu um agente que analisa automaticamente fichas de inspeção de veículos e identifica problemas na frota, como vazamentos de óleo. "O sistema ajuda a detectar falhas rapidamente e torna as decisões mais ágeis", explica.

Evellyn Nicole, de 22 anos, engenheira de IA pleno em uma empresa do setor elétrico, cria agentes que automatizam tarefas repetitivas. "Dedico-me a criar robôs que entendem perguntas simples e buscam respostas no banco de dados da empresa", conta a profissional formada pela Universidade Federal de Goiás.

Desafios e qualificação necessária

A área enfrenta um grande obstáculo: a falta de profissionais qualificados. Cleber Zanchettin, professor da UFPE e estudioso de IA, revela: "A demanda por especialistas em IA só cresce há mais de cinco anos, com média anual acima de 20%. No cenário global, pode passar de 30%".

Para ingressar na área, os profissionais precisam combinar habilidades técnicas e de negócio. A linguagem de programação Python é considerada essencial, assim como o conhecimento de ferramentas como Lindy, OpenAI Operator, LangChain, CrewAI, AutogenAI e Langflow.

Entre os desafios técnicos, destacam-se as "alucinações" da IA, quando o sistema gera respostas incorretas. "Um dia funciona, outro dia, não", comenta Evellyn Nicole, ressaltando a necessidade de supervisão humana constante.

Os dois profissionais entrevistados trabalham em regime CLT e expressam satisfação com a carreira. João atua em formato híbrido, enquanto Evellyn prefere home office integral, recusando propostas com salários melhores para manter o conforto do trabalho remoto.