A angústia de esperar, em vão, pela sua mala na esteira de bagagens pode estar com os dias contados. Um avanço tecnológico notável está transformando a experiência de viagem: as malas inteligentes, que agora não apenas carregam seus pertences, mas literalmente o seguem pelo aeroporto. Este admirável mundo novo das bagagens movimentou US$ 2,5 bilhões no último ano, um crescimento de 40%, e promete dobrar de tamanho até 2030.
O problema das malas perdidas e a solução autônoma
Estima-se que, globalmente, 33,4 milhões de malas são perdidas ou roubadas anualmente, causando um prejuízo de cerca de US$ 2 bilhões às companhias aéreas. O risco é ainda maior em voos internacionais, onde a chance de extravio é cinco vezes superior aos voos domésticos. É contra esse cenário frustrante que a tecnologia avança. As novas malas motorizadas, equipadas com sensores e conectividade, são capazes de acompanhar o viajante de forma autônoma.
Esses modelos se conectam ao smartphone do usuário via Bluetooth ou a uma pulseira especial. Um sensor de localização faz com que a mala siga o proprietário a uma distância segura, geralmente entre 1 e 1,5 metro. Para maior segurança, um alarme é acionado se a bagagem se afastar demais do dono. Empresas como a chinesa Cowarobot, pioneira no setor, já expandem essa tecnologia para outros equipamentos urbanos, como veículos de entrega.
Preços, modelos e alternativas no mercado
O investimento em uma mala de alta tecnologia não é baixo. No Brasil, modelos como o BRCSHOP são oferecidos por cerca de R$ 4.000, enquanto o MOBILITY custa aproximadamente R$ 3.920 e suporta até 115 kg, podendo até funcionar como meio de transporte pessoal. Para quem busca diversão e praticidade, as malas "tripuladas" chamam a atenção. Como a da marca chinesa Uzouri, vendida na Amazon por cerca de R$ 2.500, ela possui um guidão embutido e se transforma em uma scooter, permitindo que o viajante "dirija" pela área de embarque.
É crucial, porém, verificar as regras de cada aeroporto antes de viajar com esses modelos. Alguns exigem a remoção da bateria, enquanto outros podem proibir totalmente a circulação das malas tripuladas. Para quem não quer gastar tanto, tags de rastreamento, como o Galaxy SmartTag2 da Samsung ou o dispositivo similar da Apple, oferecem uma alternativa por valores entre R$ 50 e R$ 200, permitindo localizar objetos acoplados via Bluetooth.
O futuro já chegou, mas com ressalvas
O mercado de bagagens inteligentes vive um momento de efervescência, especialmente em períodos de alta demanda, como as festas de fim de ano, quando são esperados cerca de 1,4 milhão de voos no mundo. Apesar da superioridade tecnológica, especialistas e viajantes experientes, como a dentista Lilian Yumi, lembram que é preciso se adaptar a diferentes regras, como os tamanhos de mala mais restritos das companhias low cost europeias.
O futuro das viagens parece ter chegado de fato, com malas que andam sozinhas e quase falam. Mas, como brincava a humorista americana Erma Bombeck, sempre há espaço para o imprevisto: "Já percebeu que a primeira mala a aparecer na esteira nunca é de ninguém?". A tecnologia avança para minimizar contratempos, mas um pouco de paciência e bom humor, ao que parece, continuam sendo itens essenciais na bagagem de qualquer viajante.