Os brasileiros demonstram uma postura mais cautelosa em relação ao avanço da inteligência artificial quando comparados com a média global. É o que revela um estudo recente do Pew Research Center realizado com 36.961 pessoas em 25 países diferentes.
Preocupação supera empolgação no Brasil
Os dados coletados em novembro de 2025 mostram que 48% dos brasileiros sentem mais preocupação do que empolgação quando o assunto é inteligência artificial. Este percentual representa 14 pontos percentuais acima da média dos países pesquisados, indicando uma postura significativamente mais cautelosa da população brasileira.
O levantamento, coordenado pelo jornalista Alvaro Leme, tinha como objetivo compreender como pessoas em diferentes contextos geográficos e sociais se relacionam com o desenvolvimento acelerado dessas tecnologias.
Perfil dos entusiastas e dos cautelosos
A pesquisa identificou padrões claros no perfil dos entrevistados. Jovens, homens, pessoas com maior escolaridade e usuários frequentes da internet formam o grupo que mais conhece sobre IA e tende a demonstrar mais empolgação com a tecnologia.
Por outro lado, mulheres, pessoas mais velhas e cidadãos com menor escolaridade apresentam maior desconfiança em relação aos avanços da inteligência artificial. Esta divisão demográfica reflete diferentes níveis de exposição e familiaridade com as ferramentas tecnológicas.
Os reais riscos da inteligência artificial
Ao contrário do que poderia sugerir a ficção científica, os principais riscos não estão relacionados a cenários apocalípticos de dominação das máquinas. Os problemas mais imediatos incluem:
- Erros frequentes nas respostas e análises
- Invenção de dados e informações falsas
- Vieses algorítmicos que perpetuam discriminações
- Uso para fraudes e atividades maliciosas
- Questões éticas na implementação em diversas áreas da vida
Esses fatores reforçam a necessidade de revisão cuidadosa de todo conteúdo gerado por sistemas de IA antes de seu uso.
Confiança na regulamentação brasileira
Um dado curioso da pesquisa diz respeito à confiança na capacidade regulatória. Enquanto europeus e norte-americanos demonstram ceticismo em relação a seus governos, os brasileiros aparecem entre os que mais acreditam na capacidade do próprio país de estabelecer regras adequadas para a IA.
Quando questionados sobre entidades internacionais capazes de regular a tecnologia, os entrevistados em geral demonstraram maior confiança na União Europeia, seguida pelos Estados Unidos, com a China aparecendo como o ator menos confiável na opinião da maioria.
Esta pesquisa global reforça a importância do debate público sobre os limites éticos e a governança da inteligência artificial, especialmente em um momento de acelerada transformação tecnológica que impacta cada vez mais aspectos fundamentais da sociedade.