O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, uma ordem executiva que estabelece a meta oficial de levar astronautas americanos de volta à Lua até o ano de 2028. A medida marca a primeira grande ação sobre política espacial do seu segundo mandato e intensifica a corrida espacial contemporânea, que tem a China como principal rival.
Os detalhes do decreto e a sombra dos atrasos
A ordem executiva, intitulada "GARANTINDO A SUPERIORIDADE ESPACIAL AMERICANA", foi publicada poucas horas após a posse do bilionário Jared Isaacman, aliado de Elon Musk, como novo administrador da NASA. O prazo de 2028, no entanto, não é uma novidade absoluta, pois já havia sido estabelecido como objetivo durante o governo de Barack Obama.
Especialistas e observadores do setor, contudo, manifestam preocupação com a viabilidade do cronograma. O principal motivo são os atrasos recorrentes no desenvolvimento e nos testes de dois sistemas de lançamento cruciais: o Sistema de Lançamento Espacial (SLS) da própria NASA e a nave Starship, da SpaceX de Elon Musk. Esses contratempos técnicos colocam em risco a capacidade de o plano "sair do papel" dentro do tempo estipulado pelo decreto presidencial.
Objetivos ambiciosos e reestruturação administrativa
O documento vai além do simples pouso lunar. Ele ordena que o Pentágono e as agências de inteligência americanas elaborem uma estratégia abrangente de segurança espacial. Além disso, solicita testes de tecnologias de defesa antimíssil no âmbito do programa Golden Dome (Domo de Ouro), um escudo antimísseis anunciado por Trump em maio.
Outra meta de longo prazo incluída no decreto é "o estabelecimento dos elementos iniciais de um posto avançado lunar permanente até 2030". Essa base teria como objetivo sustentar uma presença humana prolongada na Lua, potencialmente utilizando fontes de energia nuclear, conforme os planos da NASA.
A ordem executiva também parece determinar o fim do Conselho Nacional do Espaço, principal órgão de coordenação da política espacial da Casa Branca. Entretanto, um funcionário do governo americano afirmou à Reuters que o conselho não será extinto, mas sim remodelado e transferido para a responsabilidade do Escritório de Políticas de Tecnologia da Casa Branca.
Histórico de metas e o desafio do cumprimento
Esta não é a primeira vez que Trump estabelece uma data para o retorno à Lua. Em 2019, durante seu primeiro mandato, ele lançou a meta ambiciosa de realizar o pouso até 2024, objetivo que claramente não foi alcançado. A nova meta, agora para 2028, que coincide com o final do seu segundo mandato, parece ser uma tentativa de reafirmar o compromisso com a exploração lunar em um prazo considerado mais realista por alguns, ainda que desafiador.
A nomeação de Jared Isaacman para a NASA e o foco contínuo na parceria com empresas privadas, como a SpaceX, indicam a preferência da administração Trump por um modelo que combine esforços governamentais com a agilidade e inovação do setor comercial. O sucesso da missão, porém, dependerá fundamentalmente da superação dos obstáculos técnicos que hoje travam os principais veículos destinados a essa jornada histórica.