Astrônomos fizeram uma descoberta que está abalando os modelos atuais sobre a infância do cosmos. Utilizando dados do poderoso Telescópio Espacial James Webb (JWST), uma equipe na Índia identificou uma galáxia espiral incrivelmente organizada, que existia quando o universo era um bebê de apenas 1,5 bilhão de anos.
Alaknanda: uma estrutura madura no universo jovem
Batizada de Alaknanda, esta galáxia está localizada a impressionantes 12 bilhões de anos-luz de distância. A luz que captamos hoje começou sua jornada quando o cosmos tinha apenas cerca de 10% da sua idade atual. Os detalhes da descoberta foram publicados na renomada revista Astronomy & Astrophysics.
O que torna Alaknanda tão especial é o seu alto grau de organização. Ela possui um disco com aproximadamente 30 mil anos-luz de diâmetro e exibe braços espirais bem definidos, uma característica típica de galáxias muito mais velhas e maduras, como a nossa Via Láctea. Além disso, ela já havia acumulado cerca de 10 bilhões de massas solares em estrelas e formava novos astros a um ritmo frenético, até 30 vezes superior ao da nossa galáxia atualmente.
Um desafio direto aos modelos cosmológicos
Esta descoberta coloca um ponto de interrogação grande nas teorias estabelecidas. Até pouco tempo atrás, os astrônomos acreditavam que as galáxias no universo primordial seriam predominantemente:
- Pequenas e de forma irregular.
- Dominadas por turbulência e caos.
- Muito diferentes das espirais ordenadas que vemos no cosmos mais recente.
Alaknanda surge como um contraponto direto a essa visão. Ela não apenas existe numa época remota, mas exibe um disco amplo, um bojo central discreto e braços espirais simétricos. Mesmo com o James Webb revelando objetos cada vez mais antigos, uma espiral tão nítida e organizada como essa ainda é uma rara exceção, destacando-se claramente das observações anteriores de sistemas fragmentados.
Implicações para o futuro da cosmologia
A existência de Alaknanda indica que discos galácticos frios e estáveis podem ter se formado muito antes do que os modelos previam. Isso força os cientistas a reconsiderarem tanto o ritmo quanto os mecanismos que levaram à criação de estruturas complexas nos primeiros bilhões de anos após o Big Bang.
Como a luz levou 12 bilhões de anos para nos alcançar, vemos a galáxia em sua juventude extrema. O que aconteceu com ela desde então – se cresceu, se fundiu com outras ou se mudou de forma – permanece um mistério. Para desvendar essa história, os astrônomos planejam novas observações com o próprio Telescópio James Webb e com o ALMA, no Chile, que poderá medir o movimento do gás dentro dessa espiral surpreendentemente precoce.
A descoberta de Alaknanda não é apenas o registro de um objeto distante. É uma peça fundamental que está ajudando a reescrever a história da evolução das galáxias e, consequentemente, a nossa compreensão sobre a origem e o desenvolvimento de todo o universo.