
O governo federal resolveu apertar o cerco contra uma brecha que vinha sendo usada por montadoras internacionais — e a BYD, gigante chinesa, acabou ganhando um respiro temporário. A partir de agora, carros elétricos importados desmontados — os famosos "kits" — terão que pagar logo de cara os 35% de imposto de importação. Antes, esse tributo só era cobrado quando o veículo saía da fábrica montado.
Mas calma, não é todo mundo que vai sentir o baque. A BYD, que está investindo pesado no Brasil (com direito a fábrica em construção na Bahia), conseguiu uma cota especial até dezembro de 2026. Ou seja: enquanto outras montadoras terão que desembolsar mais, a chinesa segue com regras mais flexíveis por enquanto.
Por que a mudança?
O governo alega que algumas empresas estavam usando um "atalho" para pagar menos impostos. Como? Importando os carros em partes e montando aqui — aí só pagavam impostos sobre peças individuais, que muitas vezes têm alíquotas menores. "Isso distorcia a concorrência", diz um técnico do Ministério da Economia que preferiu não se identificar.
Não é segredo que o Brasil quer atrair fábricas de veículos elétricos. A jogada agora é clara: ou você monta aqui de verdade (como a BYD está fazendo), ou paga a conta como importador. "É o famoso 'ou bota a cara no sol ou paga o pato'", brinca um executivo do setor, sob condição de anonimato.
E o consumidor?
Especialistas divergem. Alguns acham que os preços podem subir — afinal, alguém tem que bancar esses impostos. Outros acreditam que, no longo prazo, a medida vai forçar as montadoras a produzir localmente, o que poderia baratear os carros.
Uma coisa é certa: o mercado de elétricos no Brasil está esquentando, e o governo parece disposto a misturar cenoura e vara para moldá-lo ao seu jeito. Resta saber se a estratégia vai funcionar — ou se vai acabar dando um tiro pela culatra.