
Imagine pagar para não fazer nada. Ou melhor, para ouvir... o nada. Pois é, na Serra Gaúcha, isso virou moda — e terapia. Lugares onde o wi-fi é fraco de propósito, o celular vira peso de papel e o maior barulho é seu próprio pensamento.
O Luxo do Vazio
Numa época em que notificações disputam nossa atenção como pipoqueiros em estádio lotado, surgiu o contra-ataque: pousadas que vendem silêncio como commodity. "É mais difícil que parece", confessa o gerente de um desses refúgios, onde hóspedes chegam com cara de quem esqueceu o fone de ouvido em casa. "No segundo dia, muitos entram em pânico. No terceiro, choram."
Como Funciona?
- Celular?: Só no cofre — e olhe lá
- Programação?: Caminhadas sem podcast nos ouvidos
- Entretenimento?: Observar nuvens (sim, as de verdade)
Numa pousada em Gramado, o "pacote detox" inclui até "almoço mindful" — traduzindo: comer sem mexer no Instagram entre uma garfada e outra. "A primeira vez que ouvi meu estômago roncando, pensei que era defeito", brinca uma hóspede paulistana.
Por Que Isso Virou Trend?
Neurocientistas explicam: nosso cérebro tá mais viciado em dopamina que tiktoker em desafio viral. "Quando você para, é como se o corpo entrasse em abstinência", diz uma especialista. Daí a crise no segundo dia — e o alívio no quinto, quando o cérebro finalmente desliga o modo "urgência imaginária".
E os preços? Bem, o silêncio é dourado: diárias entre R$ 800 e R$ 2.500. Mas, como dizem por lá: "Não tá pagando pelo quarto, tá pagando pelo que some — barulho, ansiedade, aquele grupo do WhatsApp que não cala".