
Imagine a cena: o sol poente doura as águas do Tapajós enquanto dezenas de catraias deslizam suavemente pela superfície espelhada. Esses barquinhos típicos, conduzidos pelos catraeiros, são muito mais que simples transporte — são a própria identidade de Alter do Chão, cartão postal do oeste paraense. E essa tradição secular acaba de ganhar um upgrade de segurança e profissionalismo que promete mudar o jogo.
Na última quarta-feira (10), algo diferente movimentou a orla da vila mais famosa da região. Longe de ser apenas mais um dia de trabalho, dezenas desses profissionais — muitos deles com décadas de experiência nas águas — trocaram temporariamente os remos por cadernos. A iniciativa, capitaneada pela Capitania Fluvial de Santarém em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT), não poderia ser mais oportuna.
O que rolou na capacitação? Ah, não foi só teoria chata, pode acreditar. Os participantes mergulharam — figuradamente, é claro — em temas cruciais:
- Normas de segurança para embarcações (porque prevenir acidente é sempre melhor que remediar)
- Técnicas básicas de primeiros socorros (imagina só um turista passando mal no meio do rio?)
- Noções de combate a incêndio (espero que nunca precisem usar, mas melhor ter na manga)
- Protocolos de atendimento ao turista (fazer o visitante se sentir em casa, mesmo longe dela)
- Orientações ambientais (preservar o Tapajós é dever de todos, né?)
O Tenente Lucas Lopes, da Marinha do Brasil, não escondeu o entusiasmo: "Essa turma é a espinha dorsal do transporte lacustre aqui. Capacitá-los é investir diretamente na segurança de milhares de pessoas que dependem desse serviço diariamente, sejam moradores ou visitantes". E faz todo o sentido — quantas famílias não cruzam o rio pra trabalhar? Quantos turistas embarcam cheios de expectativa?
Mas olha, o mais legal é que a coisa não para por aí. Quem completou o curso vai sair não só com conhecimento na cabeça, mas com um certificado de capacitação nas mãos — documento que, diga-se de passagem, vai agregar um valor danado ao serviço prestado. É o reconhecimento formal de uma expertise que, até então, era passada apenas de pai para filho, na base da observação e da prática.
E os catraeiros? Ah, a receptividade foi fantástica. Dona Maria Silva, 58 anos, catraieira há mais de três décadas, resumiu bem: "A gente acha que sabe tudo, mas sempre tem o que aprender. Principalmente pra cuidar melhor da gente e dos passageiros". Simplicidade que vale ouro.
Para Alter do Chão — que já brilha no cenário turístico nacional — iniciativas como essa são como um remo a mais na catraia. Melhoram a experiência do visitante, valorizam os profissionais locais e, o mais importante, reforçam a segurança de todos que se aventuram pelas águas majestosas do Tapajós. Um investimento que, com certeza, vai render frutos por muitos e muitos verões.