
Era só o que faltava. Na última sexta-feira, a prefeitura do Rio de Janeiro — aquela mesma que já vive no limite com tantas crises — anunciou a suspensão dos serviços médicos em presídios da capital. Motivo? Dinheiro que não chegou. Ou melhor, o governo estadual simplesmente esqueceu de repassar os recursos.
Não é brincadeira. Desde o dia 25, detentos estão sem acesso a consultas, medicamentos e até emergências. "A situação já era precária, agora virou um caos", desabafa um agente penitenciário que prefere não se identificar — afinal, quem quer problemas?
O jogo de empurra
Enquanto a prefeitura joga a culpa no estado, o governo estadual diz que "está analisando a questão". Tradução: ninguém quer assumir a responsabilidade. E no meio disso tudo, quem sofre são os presos — muitos com doenças crônicas que dependem de acompanhamento constante.
Veja só como funciona:
- A prefeitura gerencia os profissionais de saúde nos presídios
- O estado deveria bancar os custos
- Sem dinheiro, os médicos foram orientados a parar
"É uma bomba-relógio", alerta uma enfermeira que trabalha no sistema. "Já atendemos casos graves com o que temos — que é quase nada. Agora, nem isso."
E agora?
Enquanto a burocracia emperra a solução, familiares de detentos estão em pânico. "Meu filho é diabético", conta Dona Maria, 62 anos, com a voz trêmula. "Sem insulina, ele pode morrer. Cadê os direitos humanos nessa história?"
O Conselho Estadual de Direitos Humanos já se manifestou, classificando a situação como "violação gravíssima". Mas palavras, todos sabemos, não curam doenças.
Parece piada pronta: num país onde a saúde pública já vive no fio da navalha, até os presídios — que deveriam garantir o mínimo — estão abandonados. Ironia ou tragédia? Difícil dizer.