O Ministério da Saúde anunciou, nesta segunda-feira, 22 de dezembro de 2025, uma parceria estratégica que vai ampliar o acesso de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) a serviços especializados no estado do Rio de Janeiro. A Rede D'Or, um dos maiores grupos hospitalares privados do país, passou a integrar oficialmente o programa Agora Tem Especialistas.
Como funciona a parceria com a rede privada
A iniciativa tem como objetivo principal reduzir as filas de espera por consultas, exames e procedimentos cirúrgicos de média e alta complexidade. A adesão da Rede D'Or eleva para 28 o número total de hospitais privados e filantrópicos participantes do programa em todo o Brasil.
Nesta primeira fase, duas unidades do grupo foram incorporadas: o Glória D'Or, na capital fluminense, e o Niterói D'Or, na cidade de Niterói. O foco inicial será a realização de cirurgias cardiológicas. A estimativa é que sejam feitas cerca de 100 cirurgias de revascularização do miocárdio por ano, com um investimento direcionado de aproximadamente R$ 3,6 milhões.
Em contrapartida pelos serviços prestados ao SUS, a Rede D'Or, assim como as demais instituições participantes, receberá créditos financeiros. Esses créditos podem ser utilizados para quitar ou abater dívidas tributárias federais, inclusive aquelas com vencimento futuro.
Impacto financeiro e expansão do programa
Com a entrada da nova rede, o programa Agora Tem Especialistas deve fechar o ano de 2025 com um volume de R$ 150 milhões em atendimentos convertidos em créditos. A projeção do Ministério da Saúde é que esse montante salte para R$ 200 milhões já no início de 2026.
Atualmente, oito hospitais já estão em operação ativa pelo programa em diversas regiões do país. Outras 20 instituições já concluíram todas as etapas burocráticas de habilitação e aguardam apenas o encaminhamento de pacientes pelas secretarias municipais de saúde para começarem a funcionar.
O processo para um hospital privado ingressar no programa exige a comprovação de capacidade técnica e a oferta de serviços que estejam alinhados com as demandas mais urgentes da rede pública local. Tudo é avaliado em conjunto pelo Ministério da Saúde e pelos gestores estaduais e municipais.
Encaminhamento e critérios de prioridade
Os primeiros procedimentos nas unidades da Rede D'Or estão previstos para começarem em janeiro de 2026. A definição de quais pacientes serão atendidos cabe exclusivamente às centrais de regulação municipais do Rio de Janeiro e de Niterói.
Essas centrais são responsáveis por organizar as filas de espera e priorizar os casos com base em critérios técnicos já estabelecidos pelo SUS, como gravidade da condição e tempo de espera. O cidadão deve seguir o fluxo normal do sistema público para ser encaminhado.
Acordos paralelos em pesquisa e formação profissional
Durante o evento de anúncio no Rio de Janeiro, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também firmou outros dois acordos importantes.
O primeiro foi uma carta de intenções com o Instituto D'Or de Ensino e Pesquisa (IDOR). O documento prevê cooperação em áreas de ponta da medicina, como neurociências, oncologia, edição gênica e terapias avançadas, com foco no desenvolvimento conjunto de projetos científicos.
O segundo acordo foi de cooperação técnica com a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA). A iniciativa visa mapear a carência de anestesiologistas no país e criar estratégias para melhorar a formação e a distribão desses profissionais pelo território nacional, um dos gargalos históricos para a ampliação da oferta de cirurgias eletivas no SUS.
"Um dos grandes desafios para ampliar o número de cirurgias eletivas no país é formar anestesiologistas bem qualificados e garantir que eles estejam distribuídos de forma mais equilibrada pelo Brasil", afirmou o ministro Padilha.