O Distrito Federal deu um passo importante no atendimento à saúde pública nesta segunda-feira (15), com a inauguração do primeiro Centro Especializado em Autismo (Cretea). A unidade, que começou a funcionar pela manhã, está localizada na Estação 108 Sul do Metrô-DF e representa uma esperança para centenas de famílias.
Um espaço integrado para o desenvolvimento
O Cretea foi criado para centralizar em um único local todos os serviços da rede pública voltados para o transtorno do espectro autista (TEA). A condição, que afeta o neurodesenvolvimento, pode impactar a comunicação, o comportamento e as interações sociais. O centro vai atender exclusivamente crianças de até 10 anos que já possuem diagnóstico de autismo.
Além do cuidado direto com as crianças, o espaço também oferece orientação e suporte aos pais. A ideia é ensinar as famílias a acolher e a contribuir de forma mais efetiva para o desenvolvimento dos filhos.
Como conseguir atendimento no novo centro
O acesso aos serviços do Cretea segue um fluxo definido pela Secretaria de Saúde. É necessário primeiro procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para avaliação inicial e obtenção do encaminhamento médico. Somente com esse documento os responsáveis podem buscar o centro especializado.
A expectativa da pasta é que, após o encaminhamento, as crianças consigam receber todos os atendimentos necessários no espaço em um período médio de seis meses. O modelo promete agilizar e organizar o acesso a terapias essenciais.
Alívio e esperança para as famílias
A dona de casa Fabíola Rodrigues Meireles, mãe do Henry, de 3 anos, foi a primeira a ser atendida no novo centro. Moradora de Samambaia, ela conhece bem as dificuldades de não ter um tratamento adequado. "Não é fácil ser mãe de uma criança autista e não ter um tratamento correto", desabafa. Fabíola relembra que sua filha mais velha, hoje com 17 anos, também enfrentou problemas para obter diagnóstico e terapia. "Eu fico muito esperançosa com esse espaço que, hoje, está se abrindo para a gente", afirma.
Outro caso é o do enfermeiro Eduardo Gomes, pai de um menino autista de 10 anos. Ele relata que o filho precisa de acompanhamento multidisciplinar, incluindo psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. No entanto, os custos mensais, que chegam a quase R$ 800, são proibitivos para o orçamento familiar. "Sem isso a criança desregula, só decai. Fora que todo ano aumenta, e fica mais caro o custo. Por isso eu vim aqui para ver se consigo as terapias para o meu filho", explica Eduardo.
Um marco na saúde pública do DF
A abertura do Cretea na 108 Sul é vista como um marco na política de saúde do Distrito Federal. O centro não apenas otimiza recursos, mas também humaniza o atendimento, oferecendo um ponto de referência para famílias que antes precisavam percorrer diversos locais em busca de tratamento. A iniciativa demonstra um esforço para consolidar uma rede de apoio mais estruturada e acessível para o autismo em Brasília.