Angelina Jolie exibe cicatrizes de mastectomia na capa da Time France
Angelina Jolie mostra cicatrizes na capa da Time France

A atriz e ativista Angelina Jolie surge em uma imagem poderosa e reveladora na capa da primeira edição da Time France, a versão francesa da renomada revista internacional. A fotografia, capturada por Nathaniel Goldberg, mostra Jolie exibindo, sem qualquer retoque, as cicatrizes de sua dupla mastectomia preventiva, procedimento ao qual ela se submeteu há mais de dez anos.

Um ato público para um debate necessário

Na entrevista exclusiva para a edição de estreia, que chega às bancas francesas na quinta-feira, 18 de maio, a estrela de Hollywood compartilha as motivações por trás da decisão de tornar sua experiência pública novamente. “Divido estas cicatrizes com muitas mulheres que amo. E sempre me emociono quando vejo outras mulheres compartilharem as suas”, afirma Jolie. A capa é um dos grandes destaques do lançamento da Time no mercado francês, a primeira licença internacional da publicação, adquirida pelo grupo 360BusinessMedia.

A história de Angelina Jolie com a cirurgia preventiva começou em 2013, quando ela revelou ao mundo que havia removido ambas as mamas após descobrir ser portadora de uma mutação no gene BRCA1. Essa alteração genética eleva drasticamente o risco de desenvolver câncer de mama e de ovário. Dois anos depois, em 2015, a atriz também optou pela remoção dos ovários como outra medida de prevenção.

Prevenção e acesso à saúde: uma bandeira pessoal

Mais do que compartilhar sua jornada pessoal, Jolie usa a plataforma para defender um princípio fundamental: o acesso democrático à saúde. “O acesso aos exames de rastreio e ao atendimento médico não deveria depender dos recursos financeiros nem do local de residência”, declarou. Sua fala reforça a importância de decisões informadas e da ampliação do debate sobre a prevenção do câncer, especialmente para mulheres com alto risco genético.

A mastectomia preventiva é uma cirurgia de grande porte que remove o tecido mamário com o objetivo de reduzir as chances de câncer de mama. Ela é considerada uma medida extrema e é indicada apenas para casos específicos, após uma avaliação médica especializada e multidisciplinar.

Entendendo os riscos genéticos e as alternativas

O principal grupo que pode se beneficiar dessa intervenção é formado por mulheres portadoras das mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Estudos indicam que portadoras da mutação BRCA1 têm até 70% de risco de desenvolver câncer de mama até os 70 anos. Para o BRCA2, o risco é de cerca de 50%. Na população geral, sem essas mutações, o risco vitalício é de aproximadamente 10%.

É crucial entender que a cirurgia reduz o risco em mais de 90%, mas não o elimina completamente, pois pequenas quantidades de tecido mamário podem permanecer. Além dos riscos cirúrgicos comuns, como infecções e dor crônica, o impacto emocional da decisão é significativo.

Para mulheres de alto risco que optam por não fazer a cirurgia, os médicos recomendam um protocolo de vigilância intensiva, que inclui:

  • Exames de imagem mais frequentes, como ressonância magnética das mamas.
  • Início dos rastreios em idade mais precoce.
  • Acompanhamento clínico regular e rigoroso.

A testagem genética para as mutações BRCA é um passo crucial, mas seu custo elevado e a falta de ampla disponibilidade no sistema público de saúde de muitos países, incluindo aspectos do cenário brasileiro, ainda são grandes barreiras. A história de Angelina Jolie continua a iluminar esse caminho, misturando vulnerabilidade pessoal com um forte apelo por equidade na saúde.