Era pra ser só mais um dia comum. João (nome fictício), motorista de aplicativo de 45 anos, acordou com aquela irritação na garganta que todo mundo já teve alguma vez. Nada demais, pensou. Tomou um chá, um analgésico e foi trabalhar. Mas a vida prega peças — e essa foi cruel.
Três dias depois, o homem estava internado no Hospital Municipal Salgado Filho, no Rio, com diagnóstico de "amigdalite". Só que algo não batia. "Ele reclamava de falta de ar, mas os médicos diziam que era ansiedade", conta a esposa, ainda em choque. "Na quarta noite, ligaram dizendo que ele tinha tido uma parada."
O que deu errado?
Segundo relatos da família ao G1:
- João foi atendido 3 vezes antes da internação
- Nenhum exame de sangue foi solicitado inicialmente
- Os antibióticos pareciam não fazer efeito
"Quando pediram os exames, já estava tarde demais", desabafa o irmão. O laudo preliminar aponta sepse — infecção generalizada que pode matar em horas. "Uma dor de garganta! Como chega nisso?", questiona.
O outro lado
A Secretaria Municipal de Saúde informou que "todos os protocolos foram seguidos" e que o caso está sob análise. Mas sabe como é — burocracia não devolve vidas.
Enquanto isso, no grupo de WhatsApp da rua onde João morava, os vizinhos fazem vaquinha para o enterro. "Ele era o cara que dava carona pra todo mundo", lembra Dona Maria, da vendinha. A cidade maravilhosa mostra mais uma vez seu lado menos glamouroso.
