
Era para ser um dia de alívio. Após passar mal e ser atendido em um posto de saúde na região de Mogi das Cruzes, o aposentado de 62 anos recebeu alta — só que a história não terminou bem. Na verdade, terminou em tragédia. Horas depois de voltar para casa, o homem não resistiu. E agora? A família está arrasada, com um sentimento que mistura dor e revolta.
"Ele reclamou de dores no peito, mas disseram que era só gases", conta a filha, ainda tremendo de indignação. Detalhe: o posto nem equipamento para eletrocardiograma tinha. Coincidência ou falha gritante no sistema?
O que deu errado?
Parece até roteiro de filme trágico, mas é a pura realidade:
- Vítima chegou com sintomas clássicos de infarto
- Unidade básica sem estrutura mínima
- Alta dada sem exames complementares
E olha que isso acontece num município que, teoricamente, tem um dos melhores IDHs da região. Ironia ou descaso?
Família não aceita versão oficial
"Vão dizer que foi natural, mas nós sabemos que foi descuido", dispara o genro, ex-militar. Ele já está movendo céus e terras atrás de laudos e testemunhas. Até o celular do sogro virou prova — com áudios enviados à família reclamando da demora no atendimento.
Enquanto isso, a Secretaria Municipal de Saúde emitiu nota padrão: "lamenta o ocorrido" e "apura os fatos". Sabe como é, aquele jargão burocrático que não convence nem o mais paciente dos cidadãos.
Padrão ou exceção?
Moradores da região contam casos parecidos — alguns que terminaram bem por sorte, outros nem tanto. "Aqui é loteria", define uma vizinha, enquanto ajusta os óculos. "Ou pega plantonista bom, ou se contenta com meia-boca."
O caso já virou pauta na Câmara Municipal. Vereadores da oposição prometem "tirar o caso a limpo", enquanto a base governista pede "calma nos julgamentos". Enquanto isso, o velório acontece sob olhares de incredulidade.
Uma pergunta que não quer calar: quantas vidas precisam se perder antes que a saúde pública deixe de ser tratada como problema secundário?