
Imagine ter sua vida dependendo de um frasco pequeno, transparente, que mantém tudo em equilíbrio. Agora imagine esse frasco simplesmente sumir. É exatamente esse pesadelo que pacientes diabéticos de Natal enfrentam desde maio – e olha que estamos em setembro, gente!
Na Unicat, principal centro de atendimento especializado da cidade, a insulina virou artigo de luxo. E não é exagero: quem depende do SUS para conseguir o medicamento está sendo obrigado a se virar nos trinta. Alguns até recorrendo à compra particular, mesmo com preços que beiram o absurdo.
Desespero que se arrasta há meses
"É uma angústia sem tamanho", desabafa uma paciente que prefere não se identificar – com medo de represálias, claro. Ela conta que já perdeu as contas de quantas vezes saiu de casa com esperança e voltou de mãos vazias. "Você fica refém da situação, sem saber como vai estar amanhã."
E não é só ela. Diversos relatos pipocam nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp: pessoas compartilhando frustrações, tentando se ajudar, buscando alternativas desesperadas. A verdade é que ninguém deveria passar por isso.
O silêncio que dói mais que a agulha
O pior de tudo? A falta de explicação. Ninguém sabe ao certo por que a insulina sumiu, quando volta, ou quem afinal é responsável por isso. A Secretaria de Saúde do Estado – que administra a Unicat – emitiu uma nota dizendo que "está ciente" e "adotando medidas". Mas cadê as medidas, hein?
Enquanto isso, os pacientes seguem na corda bamba. Diabetes não espera, não dá trégua, não aceita desculpas. É uma condição que exige cuidado contínuo – e a insulina não é opcional, é questão de sobrevivência.
Efeitos dominó de um problema que não deveria existir
- Pacientes usando doses menores para "esticar" o estoque
- Risco aumentado de complicações graves
- Famílias inteiras em estado de alerta constante
- Quem pode, gasta o que não tem em farmácias particulares
- Quem não pode, fica à mercê da sorte
Não deveria ser assim. O Brasil é referência no tratamento de diabetes pelo SUS – ou pelo menos era. Ver uma unidade do porte da Unicat passar meses sem um medicamento tão básico é de cortar o coração.
Enquanto as autoridades não se mexem, a solidariedade tenta preencher o vazio. Pacientes se organizam, trocam informações, alertam sobre postos que ainda têm estoque. Mas isso é paliativo – e ninguém merece viver de paliativos.
O que será preciso para resolver essa situação? Uma tragédia maior? Porque a verdade é que cada dia sem insulina já é uma pequena tragédia anunciada.