
Imagine chegar a um hospital com uma dor insuportável, só para descobrir que seu problema poderia ter sido resolvido meses atrás — com uma simples consulta no posto de saúde. Pois é, essa realidade é mais comum do que se imagina.
O Brasil vive um paradoxo: gasta rios de dinheiro com tratamentos complexos, mas não investe no básico. E o pior? Quem paga a conta somos nós — com tempo perdido, sofrimento desnecessário e, claro, muito dinheiro público indo pelo ralo.
O Custo do Descaso
Não é exagero dizer que a atenção primária virou um "parente pobre" do SUS. Enquanto isso:
- Hospitais superlotados viram depósitos de casos que poderiam ter sido prevenidos
- Pacientes peregrinam por meses (às vezes anos) sem diagnóstico adequado
- Doenças simples evoluem para complicações graves — e caríssimas
Parece piada, mas o governo prefere gastar R$ 50 mil numa cirurgia de emergência do que R$ 50 numa consulta que evitaria tudo isso. Faz sentido? Nem um pouco.
O Efeito Dominó
Quando a porta de entrada do sistema falha, o caos se instala. E como! Basta dar uma volta por qualquer emergência hospitalar para ver:
- Idosos com diabetes descontrolado porque nunca tiveram orientação nutricional
- Crianças com asma grave por falta de acompanhamento básico
- Adultos com hipertensão à beira de um AVC — que poderia ter sido evitado
E aí? Cadê o famoso "melhor sistema de saúde do mundo" que tanto nos orgulhamos? Tá mais para um castelo de cartas prestes a desmoronar.
Remédio Amargo
A solução não é simples, mas começa com o óbvio: valorizar os profissionais da ponta. Enquanto médicos de família ganham migalhas e trabalham em condições precárias, o problema só vai piorar.
Precisamos de:
- Mais unidades de saúde bem equipadas
- Profissionais valorizados e menos sobrecarregados
- Sistemas de referência que realmente funcionem
Sem isso, continuaremos enxugando gelo — e pagando caro por um serviço que deveria ser simples, humano e, acima de tudo, preventivo.