
Não é exagero dizer que o fantasma da dengue está assombrando Presidente Prudente com uma persistência assustadora. Nesta sexta-feira (1º), mais uma vida foi levada pela doença - uma senhora de 73 anos, frágil como vidro soprado, que não resistiu às complicações.
Já são 23 mortes só este ano. Vinte e três histórias interrompidas, famílias despedaçadas. E o pior? O mosquito parece estar ganhando a guerra, com os casos se multiplicando feito rastilho de pólvora nos bairros.
O retrato de uma tragédia anunciada
A Secretaria Municipal de Saúde confirmou: a idosa tinha comorbidades (como quase todos os casos graves), mas foi a picada do Aedes aegypti que acionou o gatilho fatal. Internada às pressas no Hospital Regional, seu estado se deteriorou rápido - febre alta, dores excruciantes, sangramentos... o roteiro cruel que médicos conhecem bem.
"É desesperador", confessou uma enfermeira que pediu anonimato. "A gente vê chegar gente de todas as idades, alguns tão jovens... E sabe que poderia ter sido evitado."
Números que doem
- 23 óbitos em 7 meses - quase o dobro do mesmo período em 2024
- 1.542 casos confirmados (e subnotificação gritante)
- Bairros da Zona Leste concentram 40% das ocorrências
Enquanto isso, os agentes de endemias trabalham contra o relógio - e contra a descrença da população. "Tem gente que ainda acha mito", resmunga Carlos, veterano no combate ao mosquito há 15 anos. "Daí vê a água parada no vizinho e não denuncia. Depois chora."
Alerta máximo: sinais que não podem esperar
Os sintomas clássicos todo mundo sabe: febre, dor atrás dos olhos, moleza no corpo. Mas quando a coisa aperta?
- Vômito persistente - mais de 3 vezes por hora
- Sangramentos - gengiva, nariz, até na urina
- Dor abdominal insuportável
- Queda abrupta de plaquetas (só exames detectam)
"Nesses casos, é correr para o hospital", alerta Dra. Renata Campos, infectologista. "A diferença entre tratar a tempo ou perder o paciente pode ser questão de horas."
E você? Já olhou seu quintal hoje? Aquele pneu velho, a garrafa esquecida no quintal, o pratinho da planta - tudo vira criadouro. Enquanto a prefeitura não encontra fórmula mágica (e não vai encontrar), a solução está mesmo nas mãos de cada um.