
Imagine ter um plano de saúde pago religiosamente – mas quando você mais precisa, descobre que ele não passa de um pedaço de papel bonito. É exatamente isso que centenas de servidores estaduais do Tocantins estão enfrentando, e a situação, francamente, beira o absurdo.
Há meses – você não leu errado, meses – que o atendimento odontológico simplesmente evaporou. Não é falta de um profissional aqui ou ali; é um sumiço geral que deixou todo mundo na mão.
O Desabafo de Quem Trabalha pelo Estado
"É uma falta de respeito sem tamanho", desabafa uma servidora que prefere não se identificar, com medo de represálias. Ela precisa de um tratamento de canal urgente. A dor é insuportável, mas o que ela encontra são portas fechadas e uma lista interminável de desculpas. "Pago direitinho todo mês, mas na hora H é como se eu não existisse."
E ela não está sozinha. O problema é generalizado. Você liga para um consultório e ouve a mesma gravação: ‘não estamos fazendo atendimento pelo plano no momento’. Liga para outro, e a história se repete. É um ciclo frustrante que já virou rotina na vida dessas pessoas.
O Silêncio que Grita
O pior de tudo? O silêncio ensurdecedor por parte da administração. Ninguém assume a responsabilidade, ninguém dá uma explicação decente. Fica aquele vazio, aquele sentimento de abandono total. Para onde está indo o dinheiro descontado dos salários se o serviço não é prestado? É uma pergunta que não quer calar.
Alguns até tentaram buscar atendimento particular, mas vamos combinar: não é justo. Já se paga por um serviço que deveria funcionar. Sacrificar o orçamento doméstico por causa de uma falha alheia é de lascar, não é mesmo?
O Efeito Dominó de um Sorriso Doente
O problema vai muito além de uma simples dor de dente. A saúde bucal é intimamente ligada à saúde geral. Uma infecção não tratada pode virar um problema cardíaco sério. A dor constante afeta o sono, o humor, a produtividade no trabalho... é um efeito dominó perigoso.
Os servidores, que deveriam ser valorizados, se sentem desamparados pelo próprio Estado que os emprega. A sensação é de que viraram números, não pessoas. E isso, convenhamos, é de cortar o coração.
Enquanto isso, a fila só aumenta. E o tempo, esse sim, não para. A pergunta que fica no ar, pesada, é: até quando?