Medicamentos que transformam o comportamento sexual: efeito colateral perigoso e pouco discutido
Medicamentos que transformam o comportamento sexual

Imagine acordar um dia e perceber que seu parceiro — aquela pessoa que você conhece há anos — age como um completo estranho na cama. Não é traição. Não é crise existencial. Pode ser algo tão simples (e assustador) quanto um comprimido receitado pelo médico.

"Meu pai começou a abusar da minha mãe depois que começou a tomar remédios para pressão", relata uma vítima que preferiu não se identificar. O caso, longe de ser isolado, revela um lado obscuro da farmacologia moderna.

Quando a cura vem com efeitos colaterais indesejados

Antidepressivos, ansiolíticos, medicamentos para pressão arterial e até mesmo alguns anti-inflamatórios — a lista de fármacos capazes de mexer com a libido é mais extensa do que se imagina. E os efeitos? Variam desde a perda total do desejo até comportamentos sexuais compulsivos ou agressivos.

"É como se eu virasse outra pessoa", desabafa um paciente de 47 anos que desenvolveu hipersexualidade após começar um tratamento para ansiedade. "Sinto vergonha do que faço, mas no momento parece impossível controlar."

O que dizem os especialistas

Médicos alertam: embora esses efeitos sejam conhecidos na literatura científica, muitos profissionais não os mencionam na hora de receitar. "Há um tabu enorme em discutir sexualidade, especialmente com pacientes mais velhos", explica a psiquiatra Dra. Luana Mendes.

  • Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS): podem reduzir drasticamente a libido
  • Betabloqueadores: associados a disfunção erétil e diminuição do prazer
  • Esteroides: conhecidos por aumentar a agressividade e o desejo sexual

E aqui está o paradoxo: enquanto alguns remédios "desligam" o interesse sexual, outros fazem exatamente o oposto — com consequências igualmente devastadoras para os relacionamentos.

O silêncio que dói

O pior, talvez, seja o constrangimento que impede as vítimas de buscar ajuda. Muitos pacientes — e seus parceiros — sofrem em silêncio, sem associar as mudanças de comportamento aos medicamentos.

"Passei dois anos achando que meu marido tinha me traído ou desenvolvido algum vício em pornografia", conta uma professora de 52 anos. Só descobriu a verdade quando, por acaso, leu a bula do remédio para depressão que ele tomava.

Dica importante: sempre leia a bula completa e questione seu médico sobre possíveis efeitos na vida sexual. Se notar mudanças bruscas no comportamento seu ou do parceiro, considere a possibilidade de estar relacionado a medicamentos.

Afinal, saúde sexual também é saúde — e merece atenção tanto quanto qualquer outro aspecto do bem-estar.