A esclerose múltipla, uma doença neurológica que afeta aproximadamente 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo, continua sendo um grande desafio para a medicina moderna. Para esclarecer dúvidas e desmistificar conceitos, conversamos com Carol Ribeiro, presidente da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), que compartilha insights valiosos sobre esta condição complexa.
O que é a esclerose múltipla?
Carol Ribeiro explica que a esclerose múltipla é uma doença autoimune que ataca o sistema nervoso central, especificamente a bainha de mielina que protege as fibras nervosas. "É como se os fios elétricos do cérebro perdessem sua capa isolante", compara a especialista.
Esta condição crônica pode se manifestar de diferentes formas, sendo as principais:
- Forma remitente-recorrente: surtos seguidos de períodos de recuperação
- Forma progressiva primária: piora gradual desde o início
- Forma progressiva secundária: evolui da forma remitente para progressiva
Sinais e sintomas que exigem atenção
Os sintomas da esclerose múltipla variam significativamente entre os pacientes, mas alguns sinais são mais comuns:
- Fadiga intensa e incapacitante
- Distúrbios visuais, incluindo visão dupla ou embaçada
- Dificuldades de equilíbrio e coordenação
- Formigamento ou dormência em membros
- Problemas cognitivos, como perda de memória
"Muitos pacientes relatam que os sintomas pioram com o calor", destaca Carol Ribeiro, referindo-se ao fenômeno de Uhthoff, característico da doença.
O desafio do diagnóstico precoce
Um dos maiores obstáculos no tratamento da esclerose múltipla é o diagnóstico tardio. A especialista alerta que o tempo médio entre os primeiros sintomas e o diagnóstico pode levar anos, prejudicando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
"Quanto antes iniciarmos o tratamento, melhor será o prognóstico e a qualidade de vida do paciente", enfatiza a presidente da ABEM.
Tratamentos e avanços médicos
As opções terapêuticas para esclerose múltipla evoluíram consideravelmente nas últimas décadas. Hoje, existem medicamentos modificadores da doença que podem:
- Reduzir a frequência e intensidade dos surtos
- Retardar a progressão da doença
- Melhorar a qualidade de vida dos pacientes
Além dos tratamentos medicamentosos, Carol Ribeiro destaca a importância de uma abordagem multidisciplinar, incluindo fisioterapia, terapia ocupacional e suporte psicológico.
Conscientização e apoio aos pacientes
A ABEM trabalha incessantemente para oferecer suporte aos pacientes e suas famílias, além de promover campanhas de conscientização sobre a doença. "É fundamental que as pessoas entendam que a esclerose múltipla não é contagiosa e não afeta a expectativa de vida da maioria dos pacientes", esclarece Carol.
Com informações adequadas e tratamento correto, muitos pacientes conseguem manter uma vida ativa e produtiva, desafiando os estigmas associados à doença neurológica.