
Era para ser um dia de alívio. Depois de passar a noite em observação no Hospital Municipal de Ilha Solteira, o pequeno Miguel* — de apenas 1 ano e 8 meses — recebeu alta na manhã de segunda-feira (12). Sequer 12 horas depois, a família o encontrava sem vida no berço.
— Ele chegou em casa fraco, mas os médicos garantiram que era só virose — desabafa a mãe, que prefere não se identificar. A voz embarga quando lembra do último abraço. "Parecia um passarinho, tão leve..."
O que diz o protocolo?
Segundo testemunhas, a criança apresentava:
- Febre acima de 39°C
- Dificuldade respiratória
- Prostração incomum
— Num caso desses, o padrão é pedir pelo menos hemograma e raio-X — comenta um enfermeiro de outra unidade, sob condição de anonimato. Mas os prontuários? "Sumariamente lacônicos", segundo o Conselho Regional de Medicina.
O outro lado
A Secretaria Municipal de Saúde — em nota mais burocrática que calorosa — limitou-se a informar que "todos os protocolos foram seguidos". Já o hospital, esse nem se dignou a piscar. Silêncio de parede.
Enquanto isso, no IML de Araçatuba, o laudo preliminar aponta parada cardiorrespiratória. "Mas a gente sabe que laudo não traz a história toda", resmunga um vizinho da família, enquanto acende velas no portão.
*Nome fictício para preservar a identidade da família