Bebê sofre lesão grave durante tratamento hospitalar no Ceará
Uma bebê de apenas seis meses, residente em Juazeiro do Norte, no interior do Ceará, sofreu uma lesão grave no pé direito durante o tratamento para pneumonia no Hospital Infantil Maria Amélia. O ocorrido aconteceu em junho, mas veio à tona apenas cinco meses depois, quando a família decidiu tornar o caso público e acionar a Justiça.
Sequência de eventos que levaram à lesão
De acordo com o relato da mãe, Ana Paula, a bebê foi internada pela primeira vez entre os dias 16 e 19 de junho com diagnóstico de bronquiolite. Na primeira internação, a criança recebeu alta sem complicações. Porém, na madrugada do dia 20, o quadro respiratório piorou significativamente, obrigando a família a retornar ao hospital.
"Foi detectado que tinha evoluído uma bronquiolite para uma pneumonia", explicou a mãe em entrevista. Para tratar a condição, a bebê precisava receber medicamentos intravenosos, incluindo antibióticos e antivirais.
Procedimento inadequado durante aplicação de medicação
O problema ocorreu durante a aplicação noturna da medicação. Segundo Ana Paula, uma técnica de enfermagem teria perdido o acesso venoso na mão da bebê, que inchou. A profissional então tentou encontrar novo acesso em outras partes do corpo.
"Ela procurou no bracinho esquerdo, na perninha esquerda e na perninha direita, que foi onde conseguiu esse acesso, no pezinho direito", detalhou a mãe. "Foi muito sofrido pra mim... Ela foi furada mais de seis vezes pra conseguir esse acesso."
O procedimento se tornou ainda mais crítico devido ao método inadequado de administração da medicação. Ana Paula afirma que, em vez de usar o método correto com seringa e scalp, a técnica despejou o remédio em um copinho de café pequeno e usou uma seringa de 1ml para retirar o líquido e injetá-lo diretamente no acesso venoso.
"Desta forma, era em torno de uns 15 a 17 ml de medicamento, então ela fez isso diversas e diversas vezes", relatou a mãe.
Descoberta da lesão e consequências
O alerta para que algo estava errado veio quando a mãe percebeu uma alteração no pé da filha. "O tornozelo dela começou a ficar muito vermelho, tão vermelho que já estava passando pelo esparadrapo... Quando tirou o esparadrapo, foi que eu vi a situação terrível que estava o pé da minha filha", lembra Ana Paula.
A família acredita que a forma incorreta de aplicação causou uma queimadura química no local. Após o incidente, a bebê permaneceu internada no Hospital Maria Amélia até o dia 8 de julho, quando foi transferida para outro hospital, em Barbalha, onde passou por uma cirurgia reparadora.
Busca por justiça
Cinco meses após o ocorrido, a família decidiu tornar o caso público. Os pais entraram com uma ação na Justiça e querem que o município assuma os gastos com o tratamento da criança.
"Eu quero Justiça, eu não quero que o que aconteceu com a minha filha passe impune, pra que isso não aconteça novamente com nenhuma outra criança", concluiu Ana Paula.
Posicionamento da Prefeitura
Procurada, a Secretaria de Saúde de Juazeiro do Norte emitiu uma nota informando que lamenta o ocorrido e se solidariza com a família do bebê. A pasta informou que não foi formalmente intimada sobre o processo, mas que vai apurar o caso. A Secretaria acrescentou que vai prestar acompanhamento e assistência à família.
