
Aos 4 anos, quando outras crianças brincavam de boneca, ela já lidava com mudanças no corpo que ninguém — nem mesmo os médicos — sabiam explicar direito. "Eu era uma criança revoltada", confessa, com a voz embargada. "Minha dor era invisível, como se eu estivesse gritando dentro de um vidro fechado."
O despertar precoce
Enquanto as amiguinhas ainda usavam roupas de princesa, ela precisava de sutiãs — uma realidade que a fazia se sentir "um monstro de circo". Os pais, desesperados, peregrinaram por consultórios. "Diziam que era 'coisa da minha cabeça'", lembra, com um riso amargo. "Como se uma criança de 4 anos inventasse sintomas!"
Os anos passaram. Aos 8, menstruação intensa que a deixava anêmica. Aos 12, ondas de calor que a faziam suar durante as aulas. Até que, aos 16, o diagnóstico bombástico: menopausa. "Foi como receber uma sentença de velhice no corpo de adolescente", desabafa.
O preço da incompreensão
- Bullying na escola por "ser diferente"
- Professores que não acreditavam nas suas limitações físicas
- Colegas que riam quando ela desmaiava de dor
- Médicos que insistiam em tratamentos padrão
"Hoje, aos 20 e poucos anos, finalmente encontrei profissionais que me entendem", diz, aliviada. A terapia hormonal trouxe algum alívio, mas as marcas emocionais? Ah, essas ainda doem — e como!
Seu recado para outras mulheres com condições raras? "Insistam. Briguem. Sua dor é válida, mesmo que ninguém veja." Palavras de quem aprendeu, da pior maneira, que o corpo humano pode ser terrivelmente imprevisível — e a sociedade, cruelmente despreparada.