A experiência da gravidez está ganhando novos contornos no Brasil com o aumento de homens transgêneros que decidem gestar. Esta realidade está forçando uma transformação urgente no sistema de saúde, que precisa se adaptar para oferecer um atendimento digno e livre de preconceitos.
O que muda no atendimento médico
Profissionais de saúde destacam que a principal barreira não está na técnica médica, mas na abordagem humanizada. O uso do nome social e pronomes corretos é apenas o primeiro passo para construir uma relação de confiança entre médico e paciente.
"Muitos homens trans evitam o pré-natal por medo de discriminação. Precisamos mudar essa realidade criando ambientes seguros onde se sintam respeitados em sua identidade de gênero", explica a ginecologista e obstetra Leticia Veras.
Desafios específicos da gestação transmasculina
- Disforia de gênero: As transformações corporais da gravidez podem intensificar a disforia, exigindo suporte psicológico especializado
- Suspensão da terapia hormonal: A interrupção da testosterona durante a gestação requer acompanhamento multidisciplinar
- Rede de apoio: A construção de uma rede de suporte emocional é fundamental para o bem-estar durante toda a gestação
Capacitação profissional é fundamental
Hospitais e unidades de saúde estão implementando treinamentos para suas equipes, focando não apenas no aspecto técnico, mas principalmente no acolhimento e respeito à diversidade. O objetivo é eliminar situações constrangedoras e garantir que todos os pacientes recebam o mesmo padrão de cuidado.
"Quando um profissional chama o paciente pelo nome errado ou usa pronomes inadequados, isso prejudica todo o vínculo terapêutico. O treinamento constante é essencial para mudar essa cultura", afirma o coordenador de um programa de saúde LGBTQIA+ no Ceará.
O futuro do pré-natal inclusivo
Especialistas acreditam que essas mudanças beneficiam todo o sistema de saúde, criando um ambiente mais acolhedor para todos os pacientes. A humanização do atendimento e o respeito às individualidades são tendências que vieram para ficar.
"Estamos construindo um novo paradigma na saúde materno-infantil, onde a diversidade não é um problema a ser resolvido, mas uma característica a ser celebrada e respeitada", finaliza Veras.