
Imaginem passar quinze horas seguidas numa mesa de cirurgia. Quinze. Não é exagero — é a realidade brutal que uma mulher enfrentou depois que médicos subestimaram sua dor durante anos a fio. O caso, que aconteceu em Sorocaba, é mais que um relato médico; é um soco no estômago de quem acha que "dor de menstruação é normal".
Ela chegou ao hospital com dores que derrubariam um touro, mas ouviu que era "psicológico" ou "exagero". Até que a verdade veio à tona: endometriose profunda, daquelas que se infiltram como raízes venenosas nos órgãos. O baixo ventre virou um campo minado de tecido endometrial fora do lugar.
Não É Frescura: Os Sinais que o Corpo Grita
Conversamos com ginecologistas que não medem palavras: "Ignorar dor pélvica incapacitante é como fechar os olhos diante de um incêndio". Os sintomas? Vão muito além da cólica forte:
- Dores que te imobilizam durante a menstruação — daquelas que analgésico comum não resolve
- Sangramento desregulado, às vezes abundante a ponto de interferir no trabalho
- Desconforto intestinal cíclico, como se o intestino também estivesse menstruando
- Dor durante relações sexuais — e não, não é "normal" doer sempre
- Dificuldade para engravidar, quando a endometriose avança silenciosamente
O pior? Muitas mulheres se acostumam com o sofrimento mensal. Normalizam o que nunca deveria ser normal.
O Longo Caminho até a Mesa de Cirurgia
No caso dessa guerreira de Sorocaba, a endometriose já havia "colonizado" áreas críticas — intestino, bexiga, ligamentos. A cirurgia exigiu uma equipe multidisciplinar de especialistas que trabalharam num verdadeiro mutirão para resgatar sua qualidade de vida.
Quinze horas de procedimento meticuloso. Milhares de pontos. Riscos reais. Tudo porque alguém, em algum momento, não soube escutar.
"Tive que reaprender a andar depois disso", compartilha a paciente, que preferiu não identificar-se. "Mas finalmente estou livre das dores que me acompanhavam desde a adolescência".
O Que Aprendemos com Histórias como Esta?
Primeiro: dor menstrual incapacitante NÃO é normal. Ponto final.
Segundo: insistência salva. Se um médico minimizar seu sofrimento, procure outro. E outro. Até encontrar quem leve a sério.
Terceiro: diagnóstico precoce pode evitar cirurgias complexas. Exames de imagem modernos e a atenção aos sintomas fazem diferença abissal.
O sistema público de saúde oferece tratamento, mas o acesso ainda é desigual — e o desconhecimento, generalizado. Campanhas de conscientização precisam chegar às periferias, às escolas, aos postos de saúde.
Enquanto isso, histórias como essa ecoam como alerta: seu corpo fala. Cabe a nós — e aos médicos — aprender a escutar.