
Parece que a ciência médica está prestes a dar mais um salto monumental no tratamento da obesidade. E desta vez, na forma de um simples comprimido.
Os resultados recentes dos testes com a versão oral do Wegovy — sim, você leu certo: em comprimido — estão causando frisson na comunidade médica mundial. O que era injetável agora pode ser tomado com um gole d'água, e os números são absolutamente surpreendentes.
Os números que falam por si
Participantes que receberam a dose mais elevada do medicamento, a tal de 50 miligramas, experimentaram uma redução média de 16,6% do peso corporal ao longo de 68 semanas. Isso não é pouco, não. É uma mudança que transforma vidas.
Mas calma, não é só isso. O grupo que recebeu 25 mg também registrou uma perda significativa: 14,9%. Até a dose de 14 mg conseguiu um respeitável 10,4%. Quem tomou placebo? Apenas 1,7%. A diferença é gritante.
Como funciona essa mágica?
O segredo está na semaglutida, a mesma substância do Wegovy injetável. Ela imita um hormônio chamado GLP-1, que nosso corpo produz naturalmente depois das refeições. Basicamente, ela engana nosso cérebro — faz a gente se sentir satisfeito por mais tempo, reduz a vontade de comer aquela bobagem e ainda ajuda no controle do açúcar no sangue.
E olha só que interessante: os efeitos colaterais reportados foram majoritariamente gastrointestinals — náusea, diarreia, aquela coisa chata — mas a maioria foi considerada leve a moderada. Só entre 4% e 6% dos participantes abandonaram o estudo por causa disso. Até que não é mal, considerando o potencial benefício.
O que isso significa na prática?
Imagina só trocar injeções diárias ou semanais por um comprimido. A adesão ao tratamento provavelmente vai às alturas — muita gente simplesmente detesta agulhas. A praticidade é um game changer absoluto.
Dr. Robert Kushner, um dos pesquisadores, não disfarça o entusiasmo: "Ter uma versão oral eficaz da semaglutida será uma adição tremendamente valiosa ao arsenal terapêutico". Ele tem razão. Isso pode democratizar o acesso a um tratamento eficaz contra a obesidade.
O longo caminho até a farmácia
Agora, não é pra amanhã ainda. A Novo Nordisk, fabricante do medicamento, já submeteu os dados à FDA (a agência regulatória dos EUA) e à Anvisa aqui no Brasil. A aprovação deve sair ainda em 2024, mas depois disso ainda tem todo o processo de produção em escala e distribuição.
O preço? Bem, essa ainda é uma grande interrogação. A versão injetável não é exatamente barata, e não há indicações de que a oral será mais acessível. Mas a concorrência no mercado de GLP-1 está acirrada — a Eli Lilly também está na corrida com seu tirzepatide — então quem sabe não temos boas surpresas?
Enquanto isso, a mensagem que fica é de esperança. Para milhões de brasileiros que lutam contra a balança — muitas vezes sem sucesso com dietas e exercícios sozinhos —, mais uma opção eficaz está a caminho. E dessa vez, na forma mais simples possível.