
Imagine só: criaturas da noite, de asas escuras e hábitos sanguinários, rondando o interior de Santa Catarina. Não é filme de terror — é a realidade que produtores rurais enfrentam com o aumento da vigilância sobre morcegos hematófagos.
Desde o início do ano, técnicos da CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de SC) estão de olho nesses pequenos vampiros. E não é por acaso: um único morcego infectado pode dizimar dezenas de cabeças de gado com a temida raiva bovina.
O plano de ação
O esquema de monitoramento — que parece saído de um manual de caça-fantasmas — inclui:
- Armadilhas especiais com redes ultrafinas
- Análises laboratoriais relâmpago
- Rondas noturnas em propriedades de risco
"É como jogar xadrez com a natureza", admite um veterinário de campo que prefere não se identificar. "Eles se adaptam, nós nos antecipamos."
Números que assustam
Em 2024, já foram coletados:
- 47 morcegos para análise
- 12 amostras positivas para hematófagos
- 0 casos de raiva confirmados (ainda bem!)
Mas a tranquilidade é relativa. No último surto significativo (2018), 132 animais morreram em três meses. Um prejuízo que deixou cicatrizes profundas no agronegócio catarinense.
O que os produtores podem fazer?
Além de torcer para o time da vigilância ganhar essa partida, especialistas recomendam:
- Vacinar o gado — não espere a chuva para molhar a lavoura
- Observar comportamentos estranhos — bovinos agressivos ou babando são sinais vermelhos
- Reportar imediatamente — a CIDASC tem linha direta 24h
"Melhor prevenir do que chorar o leite derramado", filosofa uma produtora de Chapecó, enquanto checa suas cercas ao pôr do sol.
Enquanto isso, nas sombras do entardecer, os morcegos continuam seu voo silencioso. A disputa entre homem e natureza segue seu curso — com a ciência como árbitro.