
Não é exagero dizer que o ar em Campinas está pesado — e não só por causa do inverno seco. A gripe, aquela velha conhecida que muitos subestimam, voltou a dar as caras com força total. Só nesta semana, seis pessoas perderam a vida para complicações da doença. Um baque pra cidade que já vinha respirando aliviada com a queda nos casos pós-pandemia.
Segundo o boletim mais recente, três idosos, dois adultos com comorbidades e até uma criança estão entre as vítimas. "É como se o vírus tivesse escolhido a dedo os mais vulneráveis", comenta uma enfermeira da rede pública que preferiu não se identificar. Os prontos-socorros? Lotados. As filas? Intermináveis.
O que está por trás do surto?
Especialistas apontam três culpados:
- A baixa adesão à campanha de vacinação este ano (nem 40% do público-alvo se imunizou)
- As temperaturas glacialmente baixas para os padrões paulistas
- Uma cepa particularmente agressiva do vírus Influenza A
E tem mais: quem achou que máscara era peça de museu se enganou feio. "Voltamos a recomendar em ambientes fechados", avisa o secretário municipal de Saúde, esfregando os olhos cansados após mais uma noite em reunião de crise.
Números que assustam
Comparado ao mesmo período de 2024:
- Internações por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) subiram 73%
- Ocupação de UTIs pediátricas bateu 89%
- Demanda por testes rápidos quadruplicou
Enquanto isso, nas ruas, a vida segue — mas com um frio na espinha. No mercado central, Dona Marta, 68 anos, ajusta a máscara enquanto escolhe laranjas: "Na minha época, gripe matava só em filme antigo. Agora virou rotina...". A fala dela ecoa o sentimento de muitos campineiros que, entre um espirro e outro, se perguntam: quando essa onda vai passar?