Propolis de abelhas nativas pode ser arma contra dengue? USP testa em Ribeirão Preto
Propolis de abelhas nativas no combate à dengue? USP testa

Quem diria que a solução para um dos maiores pesadelos da saúde pública brasileira poderia estar escondida nas colmeias de abelhas sem ferrão? Pois é exatamente isso que pesquisadores da USP em Ribeirão Preto estão investigando — e os primeiros resultados são, no mínimo, animadores.

Num laboratório que mais parece um mix de apicultura com guerra biológica, os cientistas testam extratos de propolis — aquela resina que as abelhas usam para vedar suas colmeias — contra as larvas do temido mosquito da dengue. E olha só: as larvas não estão gostando nada da experiência.

Abelhas contra mosquitos: a revanche da natureza

Enquanto o Brasil bate recordes atrás de recordes de casos de dengue (só em 2024 foram mais de 4 milhões, pra variar), a equipe da Faculdade de Ciências Farmacêuticas tira proveito de um conhecimento ancestral. "Já se sabia que algumas populações tradicionais usavam o propolis contra infecções", explica um dos pesquisadores, "mas testar contra o Aedes foi um pulo do gato".

O método tem tudo para ser um "two birds, one stone" ecológico:

  • As abelhas nativas (Meliponini) são preservadas — algumas até em risco de extinção
  • O produto é 100% natural, sem químicos agressivos
  • As larvas morrem sem desenvolver resistência, como acontece com inseticidas

"Ainda estamos na fase de testes", ressalva a coordenadora do estudo, "mas a ideia é desenvolver um larvicida que qualquer comunidade possa produzir". Imagine só: quintais cheios de abelhas nativas ajudando a combater a dengue. Poético e prático.

Por que Ribeirão Preto?

Não é por acaso que a pesquisa rolou justo nessa cidade do interior paulista. A região é um celeiro de estudos com abelhas nativas — e também sofre com epidemias anuais de dengue. "Temos expertise e urgência", brinca um dos pesquisadores, entre uma análise e outra.

Os testes preliminares mostraram que o propolis:

  1. Inibe o desenvolvimento das larvas
  2. Altera seu comportamento alimentar
  3. Reduz significativamente a taxa de sobrevivência

Mas calma, não vá sair por aí jogando mel em água parada. Os pesquisadores alertam: "O propolis bruto não funciona assim. Estamos desenvolvendo formulações específicas".

Enquanto o estudo não vira política pública (e torcemos para que seja rápido), a dica continua sendo: não deixe água acumulada, use repelente e, quem sabe, plante um jardim amigo das abelhas. No futuro, elas podem ser nossas maiores aliadas nessa guerra contra a dengue.