Praia em Fortim se transforma em palco de inclusão com projeto inovador para banho de mar acessível
Fortim tem praia acessível para pessoas com deficiência

Quem disse que o mar não é para todos? Em Fortim, litoral cearense, uma cena emocionante se repete desde o último fim de semana: cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida mergulhando de cabeça - literalmente - nas águas mornas do Atlântico. E não é milagre, é tecnologia aliada à boa vontade.

O projeto, que parece simples mas muda vidas, instalou na Praia do Pontal uma estrutura completa com esteiras especiais, cadeiras anfíbias e até um guincho pra entrar na água sem susto. "Parece bobeira, mas pra gente é como ganhar asas", conta Maria do Socorro, 58 anos, que não entrava no mar há mais de uma década por causa da esclerose múltipla.

Como funciona essa maravilha?

Vamos por partes:

  • Esteira de acesso: 50 metros de piso antiderrapante que vence a areia fofa
  • Cadeiras anfíbias: Flutuam feito boia e rodam na água como peixinho
  • Equipe treinada: 10 monitores pra dar todo suporte - e segurança

E o melhor? Tudo gratuito. Basta chegar no quiosque azul (é o único, não tem erro) das 8h às 16h, de quinta a domingo. A fila até que anda rápido - na última sexta atenderam 23 pessoas antes do almoço.

Por trás das cenas

A ideia nasceu meio por acaso. Dois amigos, um fisioterapeuta e um salva-vidas, viram uma família inteira chorando porque o avô cadeirante não podia se refrescar no calo. "Aquilo cortou nosso coração", lembra João Paulo, um dos idealizadores. Dois anos e muitas reuniões depois, conseguiram patrocínio da prefeitura e de uma ONG espanhola especializada em turismo acessível.

O sucesso foi tão grande que já estão pensando em expandir. "Temos planos de levar o projeto pra outras praias do Ceará até o fim do ano que vem", adianta a secretária de Turismo local, com um sorriso que não esconde o orgulho.

Enquanto isso, na areia, o que não falta são histórias pra contar. Como a do pequeno Pedro, 7 anos, que pela primeira vez na vida sentiu a água do mar bater no peito. "Mamãe, eu sou um golfinho agora!", gritou, deixando todos ao redor com os olhos cheios d'água - e não era por causa do sal.