O ex-presidente Jair Bolsonaro foi submetido a um procedimento médico específico para interromper crises de soluços persistentes. A técnica, conhecida como bloqueio do nervo frênico, foi realizada no Hospital DF Star, em Brasília, onde ele está internado desde a última quarta-feira, 24 de dezembro de 2025.
O que é o bloqueio do nervo frênico?
Trata-se de um método indicado para o controle e interrupção de soluços que duram longos períodos. O procedimento utiliza anestésicos aplicados diretamente no nervo frênico, que é responsável por enviar impulsos nervosos para o diafragma – o músculo essencial para a respiração. Ao bloquear esses impulsos, os movimentos involuntários e repetitivos do soluço são interrompidos.
Segundo publicações científicas, como as da conceituada Cleveland Clinic, dos Estados Unidos, a irritação do nervo frênico pode causar soluços que duram dias, semanas ou até meses. Essa condição, além de desconfortável, pode afetar significativamente a capacidade de falar, dormir e se alimentar.
Como o procedimento foi realizado em Bolsonaro?
O tratamento no ex-presidente ocorreu em duas etapas. No sábado, 27 de dezembro, os médicos realizaram o bloqueio no nervo frênico do lado direito. Devido à persistência dos sintomas, uma nova intervenção foi agendada para a tarde de segunda-feira, 29 de dezembro, desta vez no nervo do lado esquerdo.
O método é considerado preciso e minimamente invasivo, pois é guiado por imagens de ultrassom. Isso permite que os médicos localizem com exatidão os nervos, que são estruturas de difícil acesso devido ao seu tamanho, e injetem o anestésico no local correto, evitando artérias ou veias próximas. Não são necessários cortes cirúrgicos.
Um estudo do Departamento de Anestesiologia do Hospital Universitário de Turku, na Finlândia, ressalta que a ultrassonografia fornece informações anatômicas precisas e permite visualizar a inserção da agulha, garantindo segurança e eficácia.
Contexto da internação e estado de saúde
A internação de Bolsonaro está relacionada a uma sequência de tratamentos. Na quinta-feira, 25 de dezembro, ele passou por uma cirurgia para correção de hérnias inguinais. As crises de soluços persistentes surgiram neste contexto pós-operatório.
De acordo com o último boletim médico, divulgado no domingo, 28, o ex-presidente apresentou uma nova crise de soluços mesmo após o primeiro bloqueio, acompanhada de elevação da pressão arterial, mas depois o quadro se estabilizou. Ele continua fazendo fisioterapia para reabilitação e recebendo medicação para prevenir trombose venosa.
Médicos explicam que procedimentos cirúrgicos, especialmente na região abdominal, podem irritar os nervos frênicos e desencadear as contrações contínuas no diafragma. Bolsonaro passou por uma série de operações abdominais após o atentado a faca que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018.
Eficácia e expectativas do tratamento
Relatos de casos e estudos sobre o bloqueio do nervo frênico indicam que a técnica é eficaz. Pacientes que se submeteram ao procedimento deixaram de apresentar os soluços persistentes, muitas vezes em até 24 horas após a aplicação, sem efeitos colaterais significativos e com baixo índice de retorno do problema.
A expectativa da equipe médica é que, com o bloqueio bilateral – realizado nos lados direito e esquerdo –, os estímulos errôneos para o diafragma sejam completamente interrompidos, resolvendo a condição que tem causado desconforto ao ex-presidente durante sua recuperação hospitalar.