
Imagine acordar antes do sol nascer, trabalhar até o corpo doer e ainda assim viver num barraco sem água encanada. Foi assim, dia após dia, durante 15 longos anos, a vida de um trabalhador rural em Uberaba (MG). Agora, a Justiça deu um basta: R$ 50 mil de indenização por danos morais.
A sentença — dura, mas justa — saiu na 2ª Vara do Trabalho. O juiz não teve dúvidas: condições "que ofendem a dignidade humana", como consta nos autos. O empregador, dono de uma fazenda na região, terá que pagar a conta.
O que aconteceu?
Detalhes do caso dão arrepios:
- Jornadas que varavam 12 horas, sem folgas regulares
- Alojamento improvisado, mais parecido com um depósito
- Falta de equipamentos de proteção básicos
"É inacreditável que isso ainda aconteça em pleno 2025", comentou o advogado do trabalhador, visivelmente indignado. Ele lembra que o Brasil já aboliu a escravidão em 1888, mas práticas análogas teimam em persistir.
Não foi fácil provar
O processo arrastou-se por anos — como aliás, quase tudo na Justiça brasileira. Testemunhas hesitaram em falar, documentos sumiram misteriosamente. Mas no final, a verdade veio à tona.
O valor da indenização? Calculado com base no sofrimento acumulado. "Não existe preço que pague 15 anos de humilhação", admitiu o magistrado, pragmático. Ainda assim, os R$ 50 mil servem como recado.
Enquanto isso, o trabalhador — que preferiu não se identificar — tenta reconstruir a vida. Com o dinheiro, planeja comprar um pedaço de terra. Ironia do destino: depois de cultivar a fazenda dos outros, quer semear seu próprio futuro.