
Eis que surge mais um capítulo surreal na política maranhense. O prefeito de um município do interior — que preferiu não se identificar direito — resolveu inovar na arte de justificar o injustificável. Desta vez, a desculpa esbarra na geopolítica: as famigeradas tarifas de Trump, aquelas mesmas que abalaram o comércio global anos atrás, teriam, segundo ele, impacto direto nos cofres municipais. Sério mesmo?
Não, você não entendeu errado. Enquanto servidores públicos acumulam meses sem receber — alguns já vendendo marmitas pra complementar a renda —, o gestor joga a culpa numa política comercial dos EUA que nem vigora mais. "Efeito borboleta", diria ele, se soubesse o que significa. O problema é que as asas desse inseto imaginário não pagam contas no açougue.
O teatro das justificativas
Detalhe curioso: o município em questão recebeu repasses federais em dia. Os números estão lá, no portal da transparência, mastigadinhos pra quem quiser ver. Mas o prefeito, com a cara mais lavada do sertão, insiste que o "contexto macroeconômico" — essa foi nova — impede o cumprimento das obrigações básicas. Alguém avisa que macroeconomia não é desculpa pra microgestão falida?
- Salários atrasados há 3 meses
- 13º parcelado em 5 vezes no ano passado
- Fundo de previdência municipal com rombo de R$ 2,3 milhões
Enquanto isso, a assessoria do prefeito soltou nota dizendo que "todas as medidas jurídicas e administrativas estão sendo tomadas". Traduzindo: tão enrolando até onde der. Até quando? Bom, aí já é outra história — e que promete capítulos tensos, com protestos marcados pra próxima semana.
O outro lado da moeda
Procurado, o sindicato dos servidores não economizou nas palavras. "Isso é desrespeito disfarçado de economês", disparou a presidente da entidade, Maria dos Santos. Ela lembra que muitos colegas estão pegando empréstimos com juros altíssimos pra comprar remédios. "E o prefeito vem com conversa de guerra comercial? É de cair o queixo."
Juristas consultados foram ainda mais diretos: a justificativa não cola nem no papel. "Isso é tentativa grosseira de criar cortina de fumaça", analisa o especialista em direito administrativo Carlos Braga. "Responsabilidade fiscal existe pra ser cumprida, não pra servir de álibi pra má gestão."