O plenário da Câmara Municipal de Santarém viveu um daqueles momentos que ficam na memória nesta quinta-feira (3). A atmosfera era pesada — no bom sentido — de história e reconhecimento. Uma sessão solene pra lá de especial marcou os 207 anos da Polícia Militar do Pará, uma instituição que já virou parte da paisagem humana do estado.
O vereador Pastor Jony, presidente da Casa, não escondia o orgulho ao conduzir os trabalhos. "É uma honra", repetia ele, entre sorrisos e apertos de mão. Mas quem pensa que foi só mais um evento protocolaresse engana feio.
Um reconhecimento que vem de longe
O coronel PM Charles Menezes, comandante-geral da corporação, chegou com aquela postura militar característica, mas logo soltou-se ao sentir o calor da recepção. Em seu discurso — nem muito longo, nem muito curto — fez questão de destacar algo que muita gente esquece: a PM paraense não surgiu do nada.
"Nossa história começou em 1818", contou ele, pausando para dar peso à data. "Época do Brasil Império, gente. Desde então, são mais de dois séculos escrevendo páginas de dedicação à sociedade."
E não foi só de palavras bonitas que se fez a homenagem. O que me chamou atenção foi o tom quase familiar do evento. Vários outros vereadores — entre eles Gilberto dos Anjos, Jader Filho e Fábio Murta — fizeram questão de pegar o microfone e contar suas próprias histórias com a polícia.
Mais do que farda, uma missão
Uma coisa ficou clara durante toda a cerimônia: a PM paraense quer — e está — se renovando. O coronel Menezes falou com entusiasmo sobre os novos projetos em andamento. "Não podemos ficar parados no tempo", argumentou. "A sociedade muda, os desafios se transformam, e nós precisamos acompanhar essa evolução."
E olha, faz sentido. Dois séculos de existência exigem mesmo uma boa dose de adaptação. A instituição, que nasceu ainda nos tempos de dom João VI, já viu o país passar por império, república, ditadura e redemocratização. É história viva, literalmente.
O que me pegou, confesso, foi o final da solenidade. Depois de tantos discursos, o clima ficou mais descontraído. Os policiais presentes — cada um com sua história, suas batalhas particulares — conversavam animadamente com os vereadores. Parecia mais uma reunião de família do que um evento formal.
E no meio de tudo isso, uma reflexão: num país onde as instituições públicas vivem altos e baixos de popularidade, ver um momento de genuíno reconhecimento como esse até que aquece o coração. A PM do Pará pode comemorar seus 207 anos com a certeza de que, ao menos em Santarém, seu trabalho não passou despercebido.
